Como abordar a dislipidémia da pessoa com diabetes tipo 2

Autores

  • Jaime Brito Da Torre Médico de Família Centro de Saúde do Barreiro

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v21i6.10190

Resumo

Sendo a Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) um problema dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), é vocação e missão do Médico de Família (MF) a gestão das pessoas e famílias com este problema. Assim, o MF tem a responsabilidade de conhecer os objectivos a atingir e as medidas terapêuticas mais adequadas para promover o controlo metabólico e evitar as complicações inerentes a este tipo de doentes, nomeadamente no que à dislipidemia diz respeito. A principal causa de morte dos doentes diabéticos é a doença cardiovascular (CV). A dislipidemia presente na pessoa com DM2 é um dos factores de risco mais importantes para a morbimortalidade na doença cardiovascular (DCV)1-6. A elevação dos triglicerídeos (TG), a redução das lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e a presença de partículas pequenas e densas das lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) características do perfil da dislipidemia diabética (DD) são determinantes no processo de aterogénese acelerada que se verifica nesta dismetabolia. Ensaios clínicos aleatorizados e controlados realizados com diabéticos tipo 2 revelam que o tratamento da dislipidemia reduz a incidência de eventos coronários fatais e não fatais entre outras manifestações de DCV2,15. A abordagem da DD apoiada na evidência implicará: 1) categorizar o risco cardiovascular; 2) conhecer o perfil lipídico de todos os doentes diabéticos pelo menos anualmente; 3) instituir terapêutica não farmacológica com modificação do estilo de vida centrada na dieta, no exercício físico e na perda de peso (se necessário); 4) para as pessoas diabéticas sem DCV diagnosticada, apontar para o alvo primário LDL-c inferior a 100 mg/dl, se idade igual ou superior a 40 anos, prescrever tratamento com estatinas para reduzir os valores de LDL-c em 30 a 40% relativamente aos valores basais, se idade inferior a 40 anos, mas o risco é alto devido a outros factores de risco cardiovascular e não se atingirem os valores alvo com a terapêutica não farmacológica de modificação dos estilos de vida, adicionar tratamento farmacológico; 5) para as pessoas diabéticas e DCV diagnosticada, o tratamento com estatinas deve ser prescrito a todas, tendo como objectivo a redução dos valores de LDL-c em 30 a 40%relativamente aos valores basais; 6) reduzir os triglicerídeos para valores inferiores a 150 mg/dl e aumentar as HDL-c para valores superiores a 40 mg nos homens e superiores a 50 mg/dl nas mulheres; 7) utilizar fibratos no tratamento da hipertrigliceridémia e da hipocolesterolemia-HDL de diabéticos com DCV diagnosticada e valores de LDL-c dentro ou muito próximo do normal; e 8) considerar terapêutica combinada usando estatinas e outros agentes para redução dos lípidos (fibratos, ezetimibe, niacina e ácidos gordos W3)3 para atingir os valores alvo.

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Publicado

2005-11-01

Como Citar

Torre, J. B. D. (2005). Como abordar a dislipidémia da pessoa com diabetes tipo 2. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 21(6), 606–16. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v21i6.10190

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