Há cefaleias e cefaleias...

Autores

  • Vera C. Santos Interna do 3º ano do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar - Extensão de Saúde de Fernão Ferro - Centro de Saúde do Seixal

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v24i1.10460

Palavras-chave:

Cefaleia, Trombose Venosa Cerebral, Hipercoagulabilidade

Resumo

Introdução: A frequência, diversidade etiológica e apresentação variável das cefaleias fazem do seu diagnóstico um desafio. Ilustra-se a importância da anamnese e da observação para tratar correctamente o doente e diminuir a morbilidade e mortalidade associadas às cefaleias. Descrição do caso: D.M.S.F., mulher, 47 anos, caucasiana. Recorreu à MF por mal-estar geral, fotofobia, fonofobia, cefaleia e vómitos. Apresentava dor à palpação do couro cabeludo e músculos cervicais. Ocorreu alívio total com a terapêutica sintomática instituída. Regressou no dia seguinte com agravamento dos sintomas e alterações da visão. Apresentava desorientação espacial, discurso incoerente, alterações do comportamento e dificuldades a nível das funções superiores executivas. Referenciou-se a doente ao SU, onde se objectivou hemianópsia homónima direita e estase papilar. A TAC-CE revelou alterações sugestivas de trombose venosa cerebral (TVC) e a RMN confirmou o diagnóstico. Foi heparinizada e posteriormente anticoagulada com varfarina, com melhoria progressiva. Laboratorialmente detectaram-se trombocitopenia, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e anticorpos anti-nucleares positivos. Teve alta com hemianópsia homónima direita e medicada com varfarina. Após um mês regressou à consulta, mantendo diminuição da memória recente e da acuidade visual à direita com quadrantópsia inferior homónima direita. Foi aconselhada sobre a doença, terapêutica, anticoncepção, dieta e actividade física. Programou-se vigilância periódica e posterior estudo dos factores pró-trombóticos. Discussão: Os sinais de alarme detectados através da anamnese e observação permitem diagnosticar e tratar correctamente as causas graves de cefaleias. A cefaleia é o sintoma mais frequente na TVC, entidade rara, potencialmente grave mas com bom prognóstico quando tratada correctamente. Deve ser considerada perante uma cefaleia com sinais de alarme numa mulher medicada com estro-progestativos.

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Publicado

2008-01-01

Como Citar

Santos, V. C. (2008). Há cefaleias e cefaleias. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 24(1), 39–43. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v24i1.10460