O papel da ictioterapia no tratamento da psoríase: relato de caso

Autores

  • Helena Cabral Médica Interna de Medicina Geral e Familiar, USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental
  • Joana Carneiro Médica Interna de Medicina Geral e Familiar, USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v30i6.11405

Palavras-chave:

Psoríase, Peixes, Terapia Assistida por Animais

Resumo

Introdução: A psoríase é uma das dermatoses mais frequentes, afetando entre 1 a 3% da população portuguesa. Apresenta uma evolução crónica, com lesões que podem atingir grande parte da superfície corporal. Devido à frequente exuberância das lesões, a doença é muitas vezes percebida como estigmatizante pelo indivíduo que se sente envergonhado e rejeitado pelo outro. Pode apresentar impacto significativo nas relações sociais, na autoimagem e na autoestima. Atualmente, o tratamento consiste em reduzir o número e gravidade das lesões, podendo ser utilizadas medidas gerais, fototerapia, terapêutica tópica e/ou sistémica. Algumas destas modalidades terapêuticas podem estar contraindicadas, perder a eficácia, causar efeitos adversos sérios ou mesmo ser inacessíveis, o que faz com que o doente procure muitas vezes alternativas terapêuticas. Apesar da escassa literatura relacionada, a ictioterapia (utilizando peixes de água doce – Garra rufa) tem sido discutida como opção de tratamento. Atualmente existem diversos centros de tratamento disponíveis em Portugal, merecendo atenção por parte dos profissionais de saúde. Descrição do caso: Doente sexo masculino, 35 anos de idade, marinheiro. Apresenta psoríase vulgar em placas, do tipo grave, diagnosticada na infância. É seguido em consulta de dermatologia e de psicologia. Apresenta lesões em cerca de 60% da superfície corporal, refratárias a múltipla terapêutica instituída, mantendo apenas tratamento tópico. De referir tratamento sistémico recente com acitretina, com bom resultado durante o tratamento, mas recorrência das lesões assim que o suspendeu. Quando recorreu à consulta na Unidade de Saúde Familiar (USF) mostrava-se desanimado com o atual estado clínico e desacreditado face às possíveis terapêuticas futuras. Refere ter tido contacto com a ictioterapia num centro comercial e mostrou-se inte-ressado em experimentar. Após 5 sessões de ictioterapia (em tanque com submersão do corpo inteiro), com aplicação tópica simultânea de calcipotriol e betametasona, constatou-se redução da escama característica das lesões e diminuição do prurido. Apresentava também melhoria significativa do humor, estando satisfeito com os resultados provisórios do tratamento. Comentário: A ictioterapia poderá ser útil nos quadros refratários e desfigurantes de psoríase vulgar. O presente caso revelou que esta modalidade, embora sedenta de evidência robusta, pode ser igualmente considerada dado o possível benefício com a sua utilização. Por outro lado, parece ser segura e inócua. Até ao momento, há apenas um número limitado de relatos de doentes que podem ter sido infetados com a exposição a G. rufa.

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Publicado

2014-11-01

Como Citar

Cabral, H., & Carneiro, J. (2014). O papel da ictioterapia no tratamento da psoríase: relato de caso. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 30(6), 402–5. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v30i6.11405