Poliomielite e seus efeitos tardios: viver ao ritmo da doença

Autores

  • Teresa Ventura Assistente graduada sénior, Unidade de Saúde Familiar Santo Condestável. Assistente convidada, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v31i5.11585

Palavras-chave:

Síndroma Pós-poliomielite, Impacto Psicossocial, Médico de Família

Resumo

Introdução: Muitos sobreviventes da poliomielite, após período de estabilidade clínica, desenvolvem complicações relacionadas com a doença. Este caso demonstra a necessidade do médico de família familiarizar-se com as múltiplas vertentes das repercussões tardias da poliomielite e reconhecê-las como entidade nosológica. Descrição do caso: Doente, 69 anos, apresenta sequelas de poliomielite. A narrativa de vida evidencia o quanto a luta pela superação da deficiência foi central na sua trajetória. Inicia, décadas após a doença aguda, queixas progressivas de fraqueza muscular, fadiga, mialgias, poliartralgias, parestesias das mãos e depressão, condicionando incapacidade funcional crescente, bem como intolerância ao frio, incontinência urinária e perturbação do sono, por vezes associada a fasciculações. O exame objetivo e exames auxiliares de diagnóstico evidenciam lesão neurogénea crónica nos membros inferiores, síndroma do túnel cárpico e diversas doenças músculoesqueléticas. Face a novos sintomas, velhos sentimentos relacionados com a deficiência, que a própria julgava ultrapassados, são despertados. O plano terapêutico envolve uma equipa multidisciplinar e inclui intervenções que incidem sobre: controlo dos sintomas e da evolução da doença; tratamento da psicopatologia coexistente; promoção de estilos de vida salutogénicos; adaptação da habitação e prescrição de ajudas técnicas; combate ao isolamento; mobilização de recursos informais, de serviços de saúde e sociais; transmissão de informação sobre a doença e problemas com ela relacionados. Comentário: Os efeitos tardios da poliomielite podem ser minimizados nos seus sintomas mediante determinadas orientações. A sua gestão efetiva exige um olhar plural e holístico, cabendo ao médico de família identificar o cluster de sinais e sintomas presentes, bem como as suas repercussões psicossociais e, consoante estes, definir um plano terapêutico individualizado.

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Publicado

2015-09-01

Como Citar

Ventura, T. (2015). Poliomielite e seus efeitos tardios: viver ao ritmo da doença. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 31(5), 326–33. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v31i5.11585