O descortinar de uma epigastralgia

Autores

  • Ana Correia de Oliveira Médica interna de Medicina Geral e Familiar, USF São João do Porto
  • Rosário Mendonça e Moura Médica interna de Medicina Geral e Familiar, USF São João do Porto
  • Paulo Pessanha Médico Assistente Graduado de Medicina Geral e Familiar, USF São João do Porto

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v32i5.11888

Palavras-chave:

Dor abdominal, Enfarte agudo do miocárdio, Relato de caso

Resumo

Introdução: A dor epigástrica está frequentemente associada à patologia digestiva. Contudo, é essencial a realização de uma anamnese e exame objetivo cuidadosos, pois a queixa referida também pode estar associada a outras patologias. Descrição do Caso: Homem de 41 anos, com os seguintes problemas de saúde ativos: tabagismo, dislipidemia, hipertensão arterial e excesso de peso. Antecedentes familiares relevantes de doença coronária com morte precoce (pai faleceu aos 46 anos por enfarte agudo do miocárdio). Em julho de 2014 recorre a clínica privada por dor epigástrica súbita. Foram realizadas analgesia e proteção gástrica e o doente apresentou melhoria clínica. De acordo com o mesmo, a anamnese e o exame objetivo foram breves. Após um mês teve novo episódio idêntico, não tendo recorrido a avaliação médica. Em setembro de 2014 recorre à Unidade de Saúde Familiar (USF) para solicitar exames digestivos (endoscopia digestiva alta e colonoscopia). Na consulta refere que, durante os episódios de dor epigástrica, experienciou uma sensação de dormência do membro superior esquerdo. Foram requisitados exames complementares, nomeadamente estudo analítico, ecografia abdominal, eletrocardiograma (ECG) e prova de esforço. Após realização de exames complementares foi encaminhado para consulta de cardiologia de urgência e realizada cirurgia de revascularização coronária por doença de três vasos. Comentário: A incidência de patologia cardíaca está a aumentar, sendo os fatores de risco cardiovascular cumulativos para o aparecimento de doença cardiovascular. Este doente apresentava inúmeros fatores de risco que não poderiam ser negligenciados, devendo ter sido considerada a hipótese de uma dor isquémica atípica desde o início. Concluindo, o médico deve conhecer os motivos mais prevalentes associados aos sintomas referidos pelo doente. Contudo, não deve excluir apresentações atípicas ou diagnósticos diferenciais menos frequentes face às queixas apresentadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2016-09-01

Como Citar

Oliveira, A. C. de, Moura, R. M. e, & Pessanha, P. (2016). O descortinar de uma epigastralgia. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 32(5), 340–4. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v32i5.11888