https://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/issue/feedRevista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar2023-09-14T10:00:09+00:00Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarsecretariado@rpmgf.ptOpen Journal Systems<p>A Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar é um órgão oficial da Associação Portuguesa de Medicina Geral Familiar. Visa contribuir para o desenvolvimento da especialidade de Medicina Geral e Familiar e dos Cuidados de Saúde Primários, através de uma publicação científica isenta, rigorosa e atual.</p> <p>É publicada desde 1984 com uma periodicidade bimestral.</p>https://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13535Caracterização da prescrição de medicina física e de reabilitação em unidades de saúde familiar do Norte de Portugal2022-09-06T18:49:58+00:00Sandra Ribeirosandraribeirobaiao@gmail.comAna Teresa Fróisatfrois@gmail.comJoana Mendesjoanamendes1994@gmail.comJoaquim Santosjoaquimsantos010@gmail.com<p><strong>Introdução:</strong> Os médicos de família assumem um papel fulcral na identificação e gestão das necessidades de medicina física e de reabilitação. Uma vez que não existe um registo centralizado de informação não é possível conhecer com rigor o universo dos utentes utilizadores.</p> <p><strong>Objetivos:</strong> Caracterizar a prescrição de medicina física e de reabilitação em quatro unidades de saúde familiar da Administração Regional de Saúde do Norte, no ano de 2019.</p> <p><strong>Método:</strong> Foi realizado um estudo observacional, analítico e retrospetivo numa amostra aleatória de 400 prescrições de primeira consulta de medicina física e de reabilitação, pertencentes a quatro unidades de saúde familiar, no ano de 2019.</p> <p><strong>Resultados:</strong> Das prescrições analisadas mais de metade era de indivíduos do sexo feminino, que tinham em média 58 anos, um nível de escolaridade igual ou inferior ao primeiro ciclo do ensino básico e uma situação profissional não ativa. A maioria das prescrições estava relacionada com patologia do sistema músculo-esquelético (71%), seguindo-se causas gerais e inespecíficas (17%) e o sistema nervoso (5%). De entre os motivos músculo-esqueléticos, 43% relacionaram-se com patologia degenerativa, 21% com patologia inflamatória e 8% com patologia traumática. Dos pedidos analisados, 61% não foram seguidos de requisições subsequentes.</p> <p><strong>Conclusões</strong>: Com este estudo foi possível definir as características de uma população de utentes utilizadores dos cuidados da medicina física e de reabilitação em quatro unidades de saúde familiar. Verificou-se que a patologia do foro músculo-esquelético foi a que mais frequentemente motivou tratamento. A maior parte da amostra estudada tinha um baixo grau de escolaridade e encontrava-se reformada/desempregada, apesar da idade ativa. Mais de metade das primeiras prescrições não foi renovada. Este estudo pode ser um ponto de partida para mais investigação e uma melhoria da qualidade dos serviços prestados neste âmbito.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13650Perceção dos utentes sobre o papel dos médicos internos de medicina geral e familiar2022-12-28T11:35:03+00:00Joana Palhota Antunesjoana.carolina.antunes@gmail.comAna Margarida Gonçalvesanamarg_gon@hotmail.comCatarina S. Custódiocatarinaiscustodio@gmail.comDaniela Monteiro Henriquesmhdaniela93@gmail.comDenise Velhodacvelho@gmail.comJoão Magalhães Cardosojoaorsmcardoso@gmail.comLeonor Marques Caetano Carreiraleonorcarreira@msn.comMargarida Sámargarida.verdades.sa@gmail.comMarta Marques Santanamarquescm@hotmail.com<p><strong>Introdução: </strong>A formação especializada em medicina geral e familiar (MGF) é essencial para a aquisição de conhecimentos e competências. Tendo os utentes um papel fundamental na formação dos médicos internos é importante compreender a perceção dos utentes sobre os médicos internos de MGF.</p> <p><strong>Objetivos:</strong> Avaliação da perceção dos utentes da USF Santiago de Leiria sobre o papel dos médicos internos de MGF e a confiança nos cuidados médicos por estes prestados.</p> <p><strong>Método:</strong> Estudo transversal com uma amostra de conveniência de 450 utentes da USF Santiago através de um questionário constituído por um inquérito sociodemográfico e questões desenhadas para avaliar a perceção dos utentes sobre o papel dos médicos internos de MGF.</p> <p><strong>Resultados: </strong>Foram obtidos 405 questionários válidos: 87,7% dos utentes referiam já terem tido uma consulta com um médico interno e 57,0% referiam que já lhes tinha sido explicado previamente o que era o internato médico. Dos doentes que já tinham sido consultados por um médico interno, a maioria acreditava que o internato era importante para a formação dos médicos de família (95,0%). Quando questionados sobre se aceitavam que a consulta fosse realizada por um médico interno, 94,2% responderam afirmativamente; quando inquiridos sobre se sentiam que tinham liberdade para recusar serem vistos por um médico interno apenas 70,1% responderam positivamente. Do total da amostra 93,3% referiam sentir-se confortáveis para comunicar os seus problemas aos médicos internos e 96,0% sentiam confiança nos cuidados que destes recebiam.</p> <p><strong>Conclusões: </strong>Apesar de haver ainda algum desconhecimento sobre o que é um médico interno, a maioria dos utentes acredita que o internato em MGF é importante para a formação dos futuros médicos de família e aceitam que as suas consultas sejam realizadas por médicos internos.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13649Atendimento e capacidade comunicacional de médicos e enfermeiros a pacientes surdos na atenção primária à saúde, numa cidade de Minas Gerais, Brasil: estudo transversal2022-12-30T15:17:13+00:00Suelen Ribeiro Miranda Pontes Duarteenf.suelen@yahoo.com.brFernanda Ribeiro Guidafguidafmit@gmail.comBrendha Carvalho Pontes Duartebpfmit@gmail.com<p><strong>Introdução</strong>: O vínculo profissional-paciente baseia-se na comunicação que respeita aspectos verbais e subjetivos. Entretanto, o conjunto de formas gestuais, conhecido como Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), não é compreendido por grande parte dos profissionais da área da saúde, comprometendo a qualidade e satisfação do atendimento ao paciente surdo.</p> <p><strong>Objetivo</strong>: Avaliar o atendimento e a capacidade comunicacional de médicos e enfermeiros a pacientes surdos na atenção primária à saúde (APS) numa cidade de Minas Gerais, Brasil.</p> <p><strong>Método</strong>: Estudo transversal quantitativo, de campo, observacional e descritivo, com uma amostra de 69 médicos e enfermeiros atuantes na APS num município no sul de Minas Gerais, Brasil. O questionário foi adaptado para a visão dos profissionais de saúde.</p> <p><strong>Resultados</strong>: Observou-se que 86,9% (<em>n</em>=60) dos profissionais possuem «Nada/Quase nada»” de domínio da LIBRAS, impossibilitando a compreensão da queixa do paciente surdo, observada em 43,5% (<em>n</em>=30) dos entrevistados. Assim, em consequência dessa dificuldade comunicacional, a procura por profissionais da saúde por parte dos surdos não é significativa, uma vez que 33,3% (<em>n</em>=23) dos profissionais nunca ou raramente os atendeu.</p> <p><strong>Conclusão</strong>: Conclui-se que a comunicação é a principal barreira na interação profissional-paciente surdo, dificultando a criação de vínculo, informação de diagnóstico e adesão ao tratamento.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13651Análise de determinantes sociais da saúde na utilização de consultas nos cuidados de saúde primários2023-05-22T18:43:41+00:00Diana Capeladianacapelaoliveira@gmail.comRicardo Biscaiarbiscaia@fep.up.pt<p><strong>Introdução: </strong>Os determinantes sociais da saúde (DSS) são as circunstâncias nas quais as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem e que influenciam o seu estado de saúde. Existem vários estudos sobre os DSS e a sua influência na saúde; contudo, ainda pouco se investigou acerca destes determinantes e a sua ação na procura de cuidados de saúde.</p> <p><strong>Objetivos:</strong> O estudo pretende determinar a influência dos DSS (sexo, idade, distância da habitação à USF, nacionalidade, escolaridade, situação profissional, rendimento, disfunção social, estilos de vida) na utilização de consultas nos cuidados de saúde primários (CSP) e refletir sobre como é que estes podem ser organizados de forma mais eficiente e equitativa.</p> <p><strong>Método:</strong> Foi realizada uma análise observacional e retrospetiva, que tem como população-alvo os utentes de uma unidade de saúde familiar (USF) com idade igual ou superior a 28 anos (<em>n</em>=8.781) e utiliza uma análise multivariada (regressão linear múltipla) para determinar se as variáveis independentes (DSS) influenciam a variável dependente (número de consultas nos últimos 10 anos), analisando ano a ano e realizando uma comparação entre o período pré e pós-pandemia COVID-19.</p> <p><strong>Resultados:</strong> Através desta investigação conclui-se que os DSS têm influência na utilização de consultas nos CSP, como: sexo, idade, nacionalidade, índice de massa corporal, rendimento, escolaridade, situação profissional, disfunção familiar, distância da habitação à USF, o facto de ser não fumador e o consumo ou não de drogas. Quanto à análise dos períodos pré e pós-pandemia COVID-19 verificou-se que esta teve impacto na mudança de alguns padrões de comportamento por parte dos utentes.</p> <p><strong>Conclusão:</strong> Acredita-se que atuando ao nível destes determinantes é possível melhorar a igualdade no acesso aos cuidados de saúde e, por sua vez, a equidade no estado de saúde.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13823A propósito das faltas dos utentes2023-05-17T22:18:17+00:00Joana Filipa Ferreira Vieirajoanavieira_12@hotmail.com<p>Não aplicável.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13698A importância da continuidade de cuidados na patologia psiquiátrica: um relato de caso2023-05-16T18:04:27+00:00Filipa Canhafilipa.canhapereira@gmail.comRita Pittaritamenezespitta@gmail.comMargarida Esteves Nunes Gil Condemargarida.gil.conde@gmail.com<p><strong>Introdução</strong>: Os cuidados de saúde primários (CSP) são responsáveis pela resposta a situações de diagnóstico e tratamento de patologias do foro psiquiátrico bem como a referenciação de determinados casos para nível hospitalar. A Lei da Saúde Mental (Lei nº 36/98) determina os princípios da política de saúde mental e regulamenta o internamento compulsivo de pessoas com doença mental, sendo da responsabilidade do médico de família a identificação dessas situações e a ativação do Mandado de Condução ao Serviço de Urgência.</p> <p><strong>Descrição do caso</strong>: O caso refere-se a uma utente do sexo feminino, de 50 anos de idade, com antecedentes psiquiátricos de tentativa de suicídio e seguida em consulta de psiquiatria. Em consulta programada de psiquiatria a utente refere quadro de ansiedade e agitação noturna, tendo sido realizado ajuste terapêutico com reavaliação posterior. Por manter queixas é novamente realizada alteração do plano terapêutico. Posteriormente recorre aos CSP em consulta do dia com a médica de família, onde refere incumprimento terapêutico bem como agravamento sintomático associado a irritabilidade e alucinações auditivas na forma de voz única com instruções para realizar atos de auto e hetero-agressividade; fora encaminhada e avaliada no serviço de urgência, com novo ajuste terapêutico e indicação para antecipação de consulta de psiquiatria para reavaliação do quadro. Em consulta subsequente com a médica de família apura-se ideação suicida, auto e hetero-agressividade associadas a pseudo-alucinações acústico-verbais, tendo sido proposta nova ida a SU, que a utente recusou. Pelo contexto, a médica de família aciona o Mandado de Condução que a utente compreende e aceita. Durante o internamento foi realizado novo plano terapêutico, observando-se remissão da ideação auto e hetero-agressiva e das pseudo-alucinações auditivas, bem como eutimização do humor e redução da anedonia e cognições de cariz depressivo.</p> <p><strong>Comentário</strong>: Este caso clínico representa a gestão partilhada de utentes com patologia psiquiátrica entre os CSP e a psiquiatria e ainda a importância da vigilância da resposta terapêutica, reforçando a necessidade de aperfeiçoamento na articulação entre os diversos níveis de cuidados com o objetivo de garantir partilha de informação mais eficaz e a melhor prestação de cuidados aos utentes de foro psiquiátrico.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13661De pais para filhos: transmissão vertical e ambiental da ansiedade2023-05-18T15:27:18+00:00Inês Gonçalo Dominguesinesgdomingues@gmail.comPedro Fonte fonte.pedro.a@gmail.comDiogo Ribeiro diogo69045@gmail.com<p><strong>Introdução:</strong> A ansiedade é um sentimento universal sem que isso constitua doença ou mesmo anormalidade. Esta pode assumir um caráter patológico quando funciona de maneira inapropriada, condicionando mecanismos mal adaptativos, estando, neste caso, perante uma perturbação de ansiedade. A influência genómica e ambiental é cada vez mais reconhecida como importante na sua génese e perpetuação. Por isso, para uma compreensão mais holística, na presença de uma perturbação de ansiedade é fundamental avaliar o contexto familiar através de avaliação familiar, prática muitas vezes esquecida na rotina do médico de família.</p> <p><strong>Descrição dos casos:</strong> Nesta avaliação familiar, traduzida em relato de caso, a ansiedade configura uma perturbação multigeracional de expressão diversa. Este tipo de transmissão apoia a componente genético-ambiental da perturbação ansiosa. Foram avaliados três elementos de um agregado familiar com perturbação ansiosa: mãe e dois filhos. A génese da perturbação ansiosa da matriarca terá sido possivelmente favorecida por predisposição genética, adivinhável pelos antecedentes familiares, bem como pelo ambiente de conflito, recorrentes episódios de violência verbal e física no seio do casal de que fez parte, perpetuada por diversos eventos ansiogénicos. A transmissão da perturbação ansiosa para a geração seguinte terá sido proporcionada pelo ambiente comum de violência familiar, aliado à expressão de ansiedade materna através da componente não verbal, pela expressão física de ansiedade, instrucional pelo alarmismo para as diferentes situações de perigo que surgiam ao longo do dia e comportamental pela evicção de situações novas. Curiosamente, embora a génese da perturbação de ansiedade e os sintomas iniciais de ambos os filhos tenham sido comuns, a predisposição individual e os eventos ansiogénicos subsequentes moldaram-nos de forma distinta, quer na manifestação da ansiedade quer na gestão da mesma. </p> <p><strong>Comentário:</strong> A medicina geral e familiar ocupa uma posição privilegiada na avaliação individual e familiar desta patologia. À semelhança desta família considera-se que muitas famílias portuguesas reúnem as mesmas características e que ainda não é dada a devida atenção a esta cadeia de transmissão de psicopatologia. A procura ativa de fatores familiares que aumentem o risco de perturbação de ansiedade e valorização da perturbação de ansiedade como psicopatologia com grande impacto individual, familiar e social é fundamental. O tratamento adequado das perturbações de ansiedade numa geração pode reduzir a prevalência das mesmas nas gerações futuras.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13657Síndroma de Pseudo-Meigs: relato de caso2022-12-29T17:26:24+00:00Catarina Santeirocatarinasanteiro@gmail.com<p><strong>Introdução:</strong> Embora seja uma condição rara, a síndroma de Pseudo-Meigs deve ser considerada como diagnóstico diferencial em pacientes que apresentam a seguinte tríade: massa anexial, ascite e aumento dos níveis séricos de CA-125.</p> <p><strong>Descrição do caso:</strong> Mulher de 67 anos que recorre a consulta de doença aguda por quadro de fadiga, edema, desconforto abdominal e aumento de peso. Como antecedentes relevantes salienta-se tiroidectomia total. No exame físico apenas se destaca a presença de distensão abdominal. O estudo analítico e imagiológico era indicativo de neoplasia maligna do ovário com ascite. Foi submetida a histerectomia total e anexectomia bilateral. Após estudo histopatológico concluiu tratar-se de um tumor <em>Struma ovarii</em>, sendo o quadro compatível com o diagnóstico de síndroma de Pseudo‑Meigs.</p> <p><strong>Comentário:</strong> A síndroma de Pseudo-Meigs é caracterizada por ascite e/ou efusão pleural, tumor ovárico (que não fibroma) e elevação dos níveis de CA-125. O <em>Struma ovarii</em> é uma variante de teratoma constituído maioritariamente por tecido tiroideu. É uma condição rara, que deve ser considerada, uma vez que a presença deste diagnóstico pode evitar o recurso a uma cirurgia extensa.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13560Varicela na grávida: imunidade, contacto e infeção – a propósito de um caso clínico2023-02-25T11:51:10+00:00Catarina Afonso Cruzcatarinacruzmgf@gmail.comAnabela Carvalho Rodriguesanabelacarvalhorodrigues@gmail.comRita Salesritasales.mgf@gmail.com<p><strong>Introdução: </strong>A varicela na gravidez é uma patologia pouco frequente em Portugal devido à alta taxa de imunidade da população em idade fértil. Associa-se a risco mais elevado de complicações maternas assim como a morbimortalidade fetal significativa, particularmente quando a infeção ocorre até às 20 semanas de gestação ou no período periparto.</p> <p><strong>Descrição do caso: </strong>Mulher de 31 anos, natural da Rússia, grávida, 2G1P, vigiada na Unidade de Saúde Familiar e consulta de obstetrícia. Recorreu à consulta aberta da sua Unidade de Saúde Familiar às 27 semanas de gestação por contacto significativo com caso de varicela. Encontrava-se assintomática e não apresentava alterações ao exame objetivo. Desconhecia história prévia de varicela ou zona e não tinha registo de vacinação contra o vírus varicela <em>zoster</em>. Foi orientada para o serviço de urgência de obstetrícia, onde colheu serologias. Foi confirmada ausência de imunidade para o vírus varicela <em>zoster</em>, pelo que realizou profilaxia com imunoglobulina. Desenvolveu varicela às 29 semanas e dois dias de gestação, não tendo sido registadas complicações maternas associadas à varicela ou detetados sinais ecográficos de síndroma de varicela fetal. A gravidez decorreu sem outras intercorrências e terminou às 41 semanas e dois dias de gestação. O recém-nascido não apresentava alterações sugestivas de síndroma de varicela fetal.</p> <p><strong>Comentários: </strong>O caso clínico descrito pretende enfatizar a necessidade do conhecimento do médico de família da abordagem das grávidas com contacto com varicela ou que desenvolvam a doença. Para além disso, tem como objetivo alertar para a importância da avaliação do estado de imunidade em idade fértil para a identificação de mulheres potencialmente não imunes e a sua atempada orientação.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13559O papel de uma equipa de cuidados de saúde primários no acolhimento de refugiados afegãos2023-02-27T19:40:14+00:00Marta Bernardowmartabernardo@gmail.comMatilde Ouriquematilde.l.ourique@arslvt.min-saude.ptCatarina Pinhãocatarina.pinhao@arslvt.min-saude.ptCatarina Pedrocatarina.pedro@arslvt.min-saude.ptDiana Martins Correiadiana.m.correia@arslvt.min-saude.pt<p><strong>Introdução: </strong>Em 2021, o Afeganistão foi o 2º país no mundo com a maior população refugiada após a crise migratória desencadeada por conflitos bélico-políticos. Diversos países da Europa, incluindo Portugal, acolheram estas pessoas através de programas organizados. A migração é um determinante social para a saúde, geradora de iniquidades e com impacto negativo. A medicina de acolhimento de refugiados apresenta particularidades, requerendo a intervenção de equipas de profissionais de saúde treinados.</p> <p><strong>Método: </strong>Estudo transversal retrospetivo do estado de saúde de um grupo de refugiados afegãos e dos procedimentos da equipa de cuidados de saúde primários de um Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, de novembro/2021 a abril/2022. Descrição dos procedimentos de saúde inerentes ao acolhimento de refugiados. Caracterização sociodemográfica do grupo, do número e tipo de consultas realizadas e quantificação e descrição dos principais problemas ativos.</p> <p><strong>Resultados: </strong>Foram acolhidos 48 indivíduos, com idade média de 19,7±16,5 anos, incluindo 52,1% adultos e 47,9% crianças e adolescentes. Realizaram-se 206 consultas e identificaram-se 121 problemas ativos. Os adultos necessitaram de mais consultas do que as crianças e adolescentes (134 <em>vs</em> 72, respetivamente) (<em>p-value</em><0,05). As infeções contribuíram para, pelo menos, 47,7% dos problemas ativos em crianças e adolescentes e 29,9% em adultos. Vinte e quatro por cento dos adultos relataram sintomas psicopatológicos e, destes, 66,7% tinham patologia mental. Os refugiados afegãos aderiram aos métodos contracetivos propostos, programas de rastreio e de vacinação.</p> <p><strong>Conclusão: </strong>A migração gera desafios socioculturais e de saúde. Os problemas ativos identificados evidenciam as doenças infeciosas, orais e mentais. Este trabalho enfatiza a necessidade de orientações sobre o acolhimento de pessoas refugiadas e reforça a importância de obter resultados validados e reprodutíveis. A definição de uma equipa multidisciplinar é essencial e prestar assistência a populações refugiadas traz desafios.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13880O legado de Alexandre Sousa Pinto: da célula à pessoa – a ciência e a clínica2023-07-31T15:16:12+00:00Paulo Santospsantosdr@med.up.ptAlberto Hespanholhespanhol@netcabo.pt2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13443Post-COVID conditions: a Portuguese primary care study2023-01-18T20:17:00+00:00Tiago Gomes de Oliveiraoliveira.tiagogomes@gmail.comHugo Silva Almeidahasalmeida@arsnorte.min-saude.ptInês Baptista Pereirairpereira@arsnorte.min-saude.ptMaria João Fernandesmjoao.fernandes@arsnorte.min-saude.ptMariana Dias Almeidamariana.almeida@arsnorte.min-saude.ptCarlos Carvalhocarloscarvalho@gmail.comAna Bessa Monteiroana.monteiro@arsnorte.min-saude.ptAna Filipa Beloana.belo@arsnorte.min-saude.pt<p>The Centers for Disease Control and Prevention propose the term long COVID or post-COVID conditions for symptoms that develop during or after COVID-19, continue for at least two months, and are not explained by an alternative diagnosis. In this cross-sectional study, we aimed at estimating the proportion of COVID-19 patients that presented post-COVID conditions, describing their baseline characteristics and main persisting symptoms. We included 497 adult patients who had recovered from mild to moderate COVID-19, using a structured questionnaire, 12 to 16 weeks after disease onset. The cumulative incidence for post-COVID conditions was 47.5% (<em>n</em>=236). The most frequent symptoms were fatigue (<em>n</em>=151, 30.4%) and dyspnea (<em>n</em>=131, 26.4%). After adjusting for covariables male gender was found to be associated with lower odds of post-COVID conditions (OR=0.36, <em>p</em><0.001). Body Mass Index <20 (OR=0.28, <em>p</em>=0.014) and [30-35[ (OR=0.42, <em>p</em>=0.006) seemed to have less persistent symptoms when compared to [20-25[. No other baseline demographic or clinical features were found to be significantly associated with post-COVID conditions. Our study suggests that post-COVID conditions persist in a large subset of non-severe diseases. Physicians should continue to monitor these patients to identify and treat post-acute sequelae of SARS-CoV-2 infection, particularly in what concerns primary care.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13732Os cuidados de saúde primários em Portugal: uma história de mais de 50 anos – a perspetiva de um futuro médico de família 2023-06-01T13:24:22+00:00Manuel Alberto Silvamanuelalbertorsilva@gmail.com<p>Os cuidados de saúde primários em Portugal contam com uma história de mais de cinquenta anos, que teve início nos anos 70, ficou marcada pela criação da carreira e do internato complementar em clínica geral e pela grande reforma de 2005, que conduziu à criação das unidades de saúde familiares. Atualmente, os cuidados de saúde primários têm apresentado bons resultados, destacando-se no panorama internacional, apesar das inúmeras dificuldades que encontram no dia-a-dia. É necessário continuar o bom trabalho das gerações passadas, nunca esquecendo a pedra basilar da sua prática: a relação médico-doente.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiarhttps://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/13904Medicina geral e familiar: ontem, hoje e amanhã2023-09-04T23:11:12+00:00Paulo Santospsantosdr@med.up.pt<p>Quando queremos perspetivar o futuro podemos tentar adivinhar o amanhã, o que é complicado, ou podemos perceber o passado, entender o contexto, as circunstâncias e o impacto das decisões que nos trouxeram ao agora e extrapolar os resultados. Raramente acertaremos no que vai de facto acontecer, mas ficaremos com uma ideia muito concreta das opções que temos, das forças com que contamos e das fragilidades que se colocam.</p> <p>É relativamente fácil contar a história dos últimos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em três eixos: cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares e cuidados continuados.</p>2023-09-14T00:00:00+00:00Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar