Perfil da pessoa com o diagnóstico de perturbação depressiva na região Centro de Portugal
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i2.13969Palavras-chave:
Perturbação depressiva, Cuidados de saúde primários, Características populacionais, PrevalênciaResumo
Objetivos: Estudar o perfil da pessoa com perturbação depressiva (PD) segundo fatores de contexto como o sexo, a idade, o tipo de família e o nível socioeconómico no Centro de Portugal.
Métodos: Estudo observacional transversal com dados de pessoas com PD em 31/dezembro/2022, pela Classificação Internacional de Cuidados de Saúde Primários – 2 nos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) Pinhal Litoral e Dão Lafões da região Centro, selecionados aleatoriamente com dados anonimizados, fornecidos pelo serviço informático da Administração Regional de Saúde do Centro.
Resultados: Numa população de n=556.332 verificaram-se 69.215 casos de PD, 12,4% de prevalência, sendo de 13,3% em Dão Lafões e de 11,5% em Pinhal Litoral. Eram do sexo feminino 78,5% dos casos e 75,0% tinha idade igual ou superior a 40 anos. Nos 2.400 (3,5%) indivíduos com PD e tipo de família conhecido, 65,4% viviam em família nuclear. Nos 2.202 (3,2%) com nível socioeconómico conhecido, 58,1% estavam em classe Graffar média. As pessoas com PD do sexo masculino eram significativamente mais novas (57,4 vs 58,9 anos; p<0,001). A classe Graffar foi significativamente diferente segundo o tipo de família (p<0,001) e segundo a idade do doente (p<0,001).
Discussão: Em 2022, a prevalência de pessoas com PD nos ACeS estudados foi superior no sexo feminino e em idade igual ou superior a 40 anos, à semelhança do descrito para Portugal. No homem, a PD poderá estar subdiagnosticada. A maior prevalência de PD nas classes Graffar média, média-alta e alta é algo a estudar.
Conclusão: Nos cuidados de saúde primários, na região Centro, a PD estava associada ao sexo feminino, à idade igual ou superior a 40 anos, a viver em família nuclear e estar em classe Graffar média. Tipo de família e Graffar estavam subpreenchidos.
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