Avaliação da literacia em cuidados paliativos em não profissionais de saúde
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i1.13390Palavras-chave:
Cuidados paliativos, Literacia em saúde, Medicina paliativaResumo
Introdução: A literacia em saúde é uma das áreas de relevo no planeamento estratégico de políticas de saúde. O desenvolvimento de ferramentas que permitam determinar os níveis de literacia em cuidados paliativos reveste-se de particular importância.
Objetivos: Definiu-se como objetivo primário a avaliação dos conhecimentos em cuidados paliativos em não profissionais de saúde e como objetivo secundário o desenvolvimento de uma ferramenta para a avaliação da literacia em cuidados paliativos em não profissionais de saúde e sua validação.
Métodos: Estudo observacional, utilizando um inquérito online dirigido a não profissionais de saúde, constituído por questões de caracterização demográfica, profissional, académica e por questões dicotómicas centradas no conceito, objetivos e tratamentos em cuidados paliativos.
Resultados: Foram analisados 560 inquéritos. Os participantes consideraram ter um baixo nível de conhecimentos sobre cuidados paliativos (4,38±2,17), mas apresentaram em todas as dimensões um número médio de respostas corretas superior ao valor da mediana. Verificam-se correlações positivas, moderadas e muito significativas entre a autoperceção do nível de conhecimento sobre cuidados paliativos e as três dimensões do questionário de literacia: «Foco de cuidados» (r=0,373; p<0,001); «Processos de cuidar» (r=0,410; p<0,001); «Conceptualização» (r=0,328; p<0,328). As três dimensões apresentaram boa consistência interna e homogeneidade global.
Discussão: Verifica-se que apesar da perceção de baixo nível de conhecimento em relação a cuidados paliativos, nesta amostra, a população apresentou um número médio de respostas corretas superior ao valor da mediana, o que pode ser explicado pelo elevado nível académico.
Conclusão: Este questionário representa um passo essencial na abordagem da literacia em cuidados paliativos em Portugal, permitindo a identificação das lacunas formativas que motivem uma intervenção mais urgente e facilitando o desenvolvimento de políticas de saúde específicas.
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