O fenómeno do impostor e o sofrimento psicológico nos especialistas de medicina geral e familiar em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i3.13972Palavras-chave:
Fenómeno do impostor, Distress psicológico, Medicina geral e familiar, CIPS, PHQ-4Resumo
Objetivo: Avaliar o fenómeno do impostor (FI) nos médicos especialistas em medicina geral e familiar (MGF), segundo o sexo e o tempo de prática de especialidade, verificando a associação entre FI e distress ou sofrimento psicológico.
Métodos: Estudo observacional transversal numa amostra de conveniência de especialistas de MGF, por aplicação de um questionário em redes específicas de conversação com os questionários Clance Impostor Phenomenon Scale (CIPS) e Patient Health Questionnaire-4 (PHQ-4) em 2023.
Resultados: Numa amostra de n=304 verificaram-se diferenças significativas para o distress por sexo, pior na mulher (p<0,001) e número de anos de especialidade, os mais novos sofrendo mais (50,2%), para prática profissional até cinco anos para 27,6% e de 11,1% acima dos 16 anos de prática profissional (p=0,008). O FI foi significativamente diferente para o número de anos de prática de especialidade, os mais novos sofrendo mais (p<0,001). O distress ou sofrimento psicológico moderado ou severo verificou-se em 21,7% da amostra, a mulher tendo significativamente mais distress moderado ou severo, p<0,001. Verificou-se uma correlação positiva, fraca e não significativa entre o distress ou sofrimento psicológico e o FI, r=0,066, p=0,249, em valor absoluto de cada escala.
Discussão: O FI estava fraca e não significativamente relacionado com sofrimento psicológico, mas tem impacto negativo no status funcional do indivíduo, pelo que devem ser pensadas medidas mitigadoras a nível pessoal e institucional.
Conclusão: Verificou-se uma frequência de 27,6% de médicos em FI frequentes ou intensos, sem diferença entre sexos, mas significativamente menor com o avançar dos anos de prática profissional. O distress ou sofrimento psicológico moderado ou severo verificou-se ser significativamente mais frequente no sexo feminino e nos especialistas mais novos. Foi fraca e não significativa a correlação entre FI e distress ou sofrimento psicológico.
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