O papel do médico de família como advogado do doente - caso clínico de endocardite
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v32i3.11514Resumo
Introdução: O caso clínico que se apresenta, de uma endocardite por Borrelia burgdorferi, é relevante não só pela raridade da patologia, mas também pela reflexão que suscita sobre as competências do médico de família, tal como definidas pela WONCA.
Descrição do caso: homem de 36 anos, com hipertensão arterial e antecedentes de cirurgia cardíaca na adolescência por comunicação interventricular, que desenvolveu, ao longo de um período de cerca de quatro meses, queixas de vertigem, hemianópsia, cefaleias, alterações da memória, hemiparésia, paralisia facial e disartria. Após realização de tomografia crânio-encefálica mostrando lesões isquémicas e ecocardiograma com lesão sugestiva de vegetação valvular, foi internado com o diagnóstico de endocardite por Borrelia burgdorferi, tendo sido submetido a cirurgia cardíaca para colocação de prótese valvular. Por insuficiência peri-protésica e infecção da mesma, foi submetido a nova cirurgia um mês depois. No pós-operatório, e apesar do acompanhamento em Psicologia e Medicina Física e Reabilitação, mantém vários défices, nomeadamente nas funções cognitivas mais complexas.
Comentário: A endocardite é uma entidade que pode apresentar manifestações clínicas subtis, nomeadamente com sintomas ou sinais cutâneos, osteoarticulares, neurológicos, cardíacos ou sistémicos. Até à data, existem poucos casos clínicos de endocardite por Borrelia burgdorferi descritos, e o seu diagnóstico é desafiante, tanto mais que requer o uso de exames complementares de diagnóstico de difícil acesso para o médico de família, o que implica a referenciação aos cuidados de saúde secundários. É nesta articulação com os cuidados de saúde secundários que as competências do médico de família de advocacia do doente são postas à prova.
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