Comorbilidade de perturbação de personalidade Borderline e síndroma do cólon irritável: relato de caso a propósito da importância do modelo médico biopsicossocial e da integração de cuidados
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i5.12655Palavras-chave:
Perturbação de Personalidade Borderline, Síndroma do cólon irritável, Stress psicológico, Assédio moralResumo
Introdução: O síndroma do cólon irritável (SCI) é uma perturbação gastrointestinal funcional comum nos países ocidentais, cuja sintomatologia inclui distensão e/ou dor abdominal e alterações do trânsito intestinal, como diarreia e/ou obstipação (critérios de Roma IV). A Perturbação de Personalidade Borderline (PPB) é pautada por instabilidade interpessoal e desregulação afetiva e comportamental. As queixas somáticas são frequentes nos doentes com PPB e a coexistência de sintomas gastrointestinais e PPB parece representar um risco acrescido de suicídio e pior qualidade de vida. A sobreposição destes sintomas e os riscos associados requerem uma abordagem clínica integrada, de modo a garantir um tratamento mais eficaz e menos iatrogénico.
Descrição do caso: Mulher de 31 anos, acompanhada em psicologia desde a infância e com diagnóstico de PPB, sem antecedentes pessoais médico-cirúrgicos de relevo e com antecedentes familiares de SCI. Foi referenciada a consulta de psiquiatria aos 28 anos, por episódio depressivo, sendo medicada com mirtazapina 30mg id (por dia), lamotrigina 100mg 2id e clobazam 20mg id, com remissão total da sintomatologia depressiva. Cerca de dois anos depois iniciou episódios recorrentes de dor abdominal e dejeções diarreicas, em contexto de assédio moral no local de trabalho. Os exames complementares não apresentavam alterações e os sintomas melhoraram após psicoterapia e mudança de trabalho, apresentando episódios limitados após ingestão de alimentos específicos. Foi feito diagnóstico de SCI.
Comentário: O enquadramento biopsicossocial dos sintomas revelou-se fundamental não só para descobrir uma relação entre o início dos sintomas físicos e os eventos aversivos e iniciar plano de resolução de problemas e de mudança de vida adequado, mas também para estabelecer o diagnóstico de SCI. O diálogo multidisciplinar e uma maior articulação entre a medicina geral e familiar e a psiquiatria são passos fulcrais para a otimização do modelo biopsicossocial e para uma medicina mais humanizada.
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