Morrer no domicílio: fatores associados à satisfação da preferência do doente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i2.12727

Palavras-chave:

Cuidados paliativos, Cuidados em fim de vida, Preferências do doente, Local de morte, Morte no domicílio

Resumo

Introdução: A importância do local de morte tem sido estudada e valorizada em cuidados paliativos. Em Portugal parece que a maioria dos doentes prefere morrer no domicílio, embora a sua preferência não seja satisfeita.

Objetivos: Identificar fatores associados à satisfação da preferência de morte no domicílio entre doentes acompanhados em cuidados paliativos em Portugal.

Métodos: Estudo epidemiológico, observacional, transversal e analítico, em doentes acompanhados durante 2017 nas equipas de cuidados paliativos que responderam a um estudo de maiores dimensões do Observatório Português de Cuidados Paliativos. Foram selecionadas variáveis independentes de caracterização demográfica, social, clínica e de cuidados de saúde. Para análise bivariada foram utilizados os testes χ2, Mann-Whitney e modelo de regressão logística binária. Para análise multivariada foi utilizado o modelo de regressão logística com base no método Forward, baseado no teste de Wald.

Resultados: Obtivemos uma taxa de resposta das instituições de 9,8%, com inclusão de 68 doentes, dos quais 52,9% do género masculino e com mediana de 78,5 anos (ampIIQ=19). A satisfação da preferência de morte no domicílio verificou-se em 32,3% (k=0,26) e associou-se de forma estatisticamente significativa a alguns fatores, nomeadamente à residência nos Açores (OR=3,79), à residência numa área rural (OR=10,00), à duração do seguimento desde a admissão numa equipa até à morte (≤ 30 dias, OR=0,15) e ao facto de o doente ser acompanhado por uma equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos (OR=9,00).

Conclusões: O valor de satisfação da preferência de morte no domicílio obtido foi apenas razoável, encontrando-se entre os valores mais baixos da literatura. Foi identificada uma relação com o local de residência, o tempo de seguimento em cuidados paliativos e o acompanhamento por equipas comunitárias especializadas. Estes fatores facilitadores vão ao encontro dos achados em estudos internacionais e poderão orientar a definição de estratégias adequadas à realidade da população portuguesa.

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Biografias do Autor

  • Rita Carvalho Cunha Ferreira, ACES Lisboa Ocidental e Oeiras

    Mestre em cuidados paliativos

    Assistente de Medicina Geral e Familiar

    Médica na equipa comunitária de suporte em cuidados paliativos do ACES Lisboa Ocidental e Oeiras, Portugal

    Colaboradora do Observatório Português dos Cuidados Paliativos

  • Manuel Luís Capelas

    Doutorado em ciências da saúde-cuidados paliativos

    Professor Auxiliar no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa; Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde

    Codiretor do Observatório Português dos Cuidados Paliativos

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Publicado

03-05-2021

Como Citar

Morrer no domicílio: fatores associados à satisfação da preferência do doente. (2021). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 37(2), 90-8. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i2.12727

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