Campanha de vacinação para a gripe sazonal das pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa: uma descrição da experiência no Inverno 2015/2016

Autores

  • Hugo Filipe Gonçalves Martins Departamento Formação, Investigação e Planeamento, Associação VOXLisboa, Lisboa, Portugal Unidade de Atendimento Urgente Adultos, Hospital Lusíadas, Lisboa, Lisboa, Portugal Urgência Geral, Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, Amadora, Lisboa, Portugal http://orcid.org/0000-0001-6686-1944
  • Inês Venâncio Departamento Formação, Investigação e Planeamento, Associação VOXLisboa, Lisboa, Portugal Unidade Cuidados Saúde Permanente Alameda, Agrupamento Centros Saúde Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Bruno Pinto Departamento Formação, Investigação e Planeamento, Associação VOXLisboa, Lisboa, Portugal Unidade Saúde Familiar Ars Médica, Agrupamento Centros Saúde Loures Odivelas, Loures, Portugal
  • Rui Neto Fernandes Departamento Formação, Investigação e Planeamento, Associação VOXLisboa, Lisboa, Portugal Unidade Saúde Familiar Moscavide, Agrupamento Centros de Saúde Loures Odivelas, Loures, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i1.12757

Palavras-chave:

Vacinação, Gripe, Sem-abrigo, Lisboa

Resumo

Introdução: As pessoas em situação de sem-abrigo apresentam uma elevada probabilidade de desenvolverem doenças crónicas, o que as predispõe a complicações graves caso sejam infetadas com a gripe. Os objetivos deste estudo transversal foram identificar os critérios de elegibilidade e avaliar o impacto da vacinação contra influenza sazonal de pessoas em situação de sem-abrigo de Lisboa durante uma campanha vacinal.

Material e métodos: A população alvo inclui pessoas em situação de sem-abrigo da região de Lisboa, no período compreendido entre 30 de novembro e 6 de dezembro de 2015. Todas as pessoas envolvidas deram o seu consentimento. Considerou-se significância estatística para valor de p inferior a 0,01.

Resultados: Das 818 pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa, 382 (47%) foram vacinadas para influenza na época 2015/16. Das 269 pessoas sem-abrigo seguidas, 179 (67%) eram portadoras de uma ou mais doenças crónicas, 68 (25%) tinham antecedentes clínicos de infeções respiratórias, mas apenas 19 (28%) tiveram esse diagnóstico durante o Inverno de 2015-2016. Na sequência desta campanha de vacinação verificou-se uma redução significativa das infeções respiratórias (p<0,01; OR=15,0; IC 5,4-42,3). Das pessoas vacinadas apenas três tiveram infeção por influenza A (H1N1) sem registos de morte. Identificou-se que 194 (72% de 269) eram elegíveis para vacinação. Considerando que se encontram identificadas 818 pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa poder-se-á extrapolar que, destas, 591 seriam elegíveis. Admite-se que não foram vacinadas mais de metade das pessoas em situação de sem-abrigo elegíveis da região de Lisboa.

Discussão e conclusões: É essencial reforçar as campanhas de vacinação contra a gripe na população em situação de sem-abrigo, procurando encontrar estratégias que facilitem o encaminhamento para consultas de vigilância nos cuidados de saúde primários, sobretudo se portadoras de doenças crónicas.

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Publicado

25-02-2021

Como Citar

Campanha de vacinação para a gripe sazonal das pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa: uma descrição da experiência no Inverno 2015/2016. (2021). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 37(1), 68-75. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i1.12757