Luto em cuidadores: realidade de dois Agrupamentos de Centros de Saúde do Norte
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i6.12792Palavras-chave:
Cuidados de saúde primários, Luto, Cuidadores, Médicos de famíliaResumo
Objetivo: Caracterizar os cuidadores nos doze meses após a morte do doente (dados sociodemográficos, acompanhamento clínico, problemas de saúde e terapêutica farmacológica).
Métodos: Realizou-se um estudo observacional, retrospetivo e analítico, ao nível dos cuidados de saúde primários. A população era constituída por cuidadores de doentes falecidos no ano de 2017, identificados pelo médico de família dos últimos. Após envio de convite à participação de todas as Unidades Funcionais foram obtidos os dados que permitiram caracterizar os cuidadores e o acompanhamento clínico no primeiro ano de luto, através dos médicos de família que aceitaram participar. Para a análise descritiva foram utilizadas frequências absolutas e relativas, mediana, mínimo e máximo.
Resultados: Dos 308 cuidadores destaca-se a representatividade dos idosos (mediana de idade – 66,5 anos) e das mulheres (79,2%), bem como o acompanhamento exclusivo pelo médico de família em 93,2% das situações. A prescrição de novo e/ou alteração de dosagem de psicotrópicos ocorreu em 35,1% dos cuidadores, contrastando com a baixa taxa de acompanhamento em psicologia (3,5%) e/ou psiquiatria (4,2%) e ausência de avaliação de risco no luto e fornecimento de ferramentas de apoio.
Conclusão: As características dos cuidadores foram concordantes com as descritas na literatura. A medicalização do luto pode refletir escassez de formação, tempo de consulta e de recursos de psicologia e psiquiatria. Comprova-se o papel essencial do médico de família no apoio ao luto; a implementação de medidas institucionais e organizacionais pode melhorar a prestação de cuidados no luto.
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