Idosos autónomos: uma reflexão ética

Autores

  • Rita Gaspar Marques USF Pulsar, ACeS Baixo Mondego, ARS Centro http://orcid.org/0000-0002-6515-0531
  • Pedro Augusto Simões USF Pulsar, ACeS Baixo Mondego, ARS Centro Departamento de Ciências Médicas, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal http://orcid.org/0000-0003-4692-2003
  • Bárbara Santa Rosa Instituto de Bioética, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses – Delegação do Norte, Porto, Portugal http://orcid.org/0000-0002-4595-3759
  • Margarida Silvestre Instituto de Bioética, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal Serviço de Medicina da Reprodução, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i5.13232

Palavras-chave:

Idosos, Decisões, Autonomia, Ética, Vulnerabilidade, Cuidados de saúde primários

Resumo

O aumento atual da população idosa obriga a uma adequação constante dos cuidados de saúde e da atuação médica. As particularidades desta população levantam várias questões éticas que têm de ser discutidas num âmbito alargado, para melhorar a prestação de cuidados e facilitar a atuação médica aquando do surgimento de dilemas éticos. Neste contexto, uma das questões éticas mais frequentes prende-se com o respeito pela autonomia dos idosos, já que muitas vezes se associa a idade avançada à perda de capacidades físicas e psíquicas e, portanto, de autonomia. Porém, a idade, por si só, não determina a incapacidade de tomar decisões nem a vulnerabilidade. Ou seja, embora o contexto e as circunstâncias que rodeiam os idosos possam influenciar negativamente ou mesmo limitar a sua autonomia, o médico não pode assumir uma atitude paternalista e decidir pelo doente. O médico deve fazer um esforço especial para analisar e compreender a capacidade de decisão do doente e todo o contexto que o envolve, nomeadamente as suas vulnerabilidades, experiência de doença, perspetivas de vida e influência da família. Assim, o médico poderá utilizar este conhecimento para promover a capacidade de decisão do idoso, de modo a garantir autonomia, equidade e justiça para estes doentes. Além disso, promover a autonomia potencia também a participação ativa na comunidade, envelhecimento ativo e qualidade de vida. O médico de família tem um papel privilegiado e preponderante nesta tarefa. A sua proximidade, a possibilidade de contactos frequentes e prolongados no tempo e o conhecimento que tem das suas vidas, perspetivas e valores permitem a estes profissionais fomentar e promover a autonomia dos idosos.

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Biografia Autor

Rita Gaspar Marques, USF Pulsar, ACeS Baixo Mondego, ARS Centro

Médica Interna de Medicina Geral e Familiar na USF Pulsar, ACES Baixo Mondego, ARS Centro. 

Mestrado Integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. 

Pós-graduação em Ética em Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

 

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Publicado

2021-11-08

Como Citar

Marques, R. G., Simões, P. A., Santa Rosa, B., & Silvestre, M. (2021). Idosos autónomos: uma reflexão ética. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 37(5), 482–488. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v37i5.13232

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