Integração e continuidade de cuidados de saúde à pessoa com esquizofrenia e sua família

Autores

  • Joana Isaac Teixeira Assistente Hospitalar de Psiquiatria. Serviço de Psiquiatria, Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa, Portugal. | Assistente convidada. NOVA Medical School – Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.
  • Vítor Ramos Médico Especialista em Medicina Geral e Familiar. | Professor convidado. Escola Nacional de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal. | Professor convidado da Escola de Saúde e Desenvolvimento Humano – Universidade de Évora. Évora, Portugal.
  • Vasco Nogueira Assistente Hospitalar de Psiquiatria. Serviço de Psiquiatria, Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo. Beja, Portugal. https://orcid.org/0000-0002-2911-8227

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i5.13416

Palavras-chave:

Esquizofrenia, Cuidados centrados na pessoa, Cuidados de saúde integrados, Continuidade de cuidados

Resumo

A carga global da esquizofrenia implica desafios para doentes, famílias e sociedade; a atual compartimentalização dos serviços de saúde e o estigma associado à doença contribuem para respostas insuficientes. O presente artigo sublinha a importância dos cuidados centrados na pessoa. Procura, através da reflexão e debate, sensibilizar os médicos de família para a problemática associada ao diagnóstico de esquizofrenia, contribuir para a melhoria dos cuidados prestados ao doente e sua família, através da proposta de formas de atuação clínica que permitam uma maior e mais eficaz integração e continuidade entre os cuidados de saúde primários e hospitalares. Primeiro, realçando o papel dos cuidados de saúde primários, pela posição privilegiada que detêm e que permite: a deteção precoce de casos;  o acompanhamento integrado da saúde dos doentes; a supervisão da adesão terapêutica; a promoção de estilos de vida saudáveis; a compreensão da pessoa no contexto sociocultural, pela proximidade com a família e restante comunidade. Segundo, assinalando alguns dos elementos essenciais para uma melhor a articulação entre os CSP e os serviços de psiquiatria e saúde mental a quem compete: a aferição diagnóstica; a elaboração de um plano terapêutico individualizado que inclua intervenção na crise; o reconhecimento do doente e família como elementos essenciais da “equipa”; a mudança para um paradigma de valorização de intervenções não-farmacológicas (a par da necessária prescrição farmacológica). Em conclusão, o ‘otimismo realista’ face à doença e saúde global nas psicoses é possível e necessário, mas exige mais e melhor integração e continuidade dos cuidados.

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Publicado

2023-11-02

Como Citar

Teixeira, J. I., Ramos, V., & Nogueira, V. (2023). Integração e continuidade de cuidados de saúde à pessoa com esquizofrenia e sua família. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(5), 458–70. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i5.13416

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