Multimorbilidade: impacto no exercício da medicina centrada na pessoa e no distress médico em medicina geral e familiar
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i1.13418Palavras-chave:
Multimorbilidade, Medicina centrada na pessoa, Ansiedade, Depressão, Medicina geral e familiarResumo
Introdução: A multimorbilidade (MM) é muito prevalente. A sua gestão origina sobrecarga em medicina geral e familiar (MGF) com implicações negativas na prática da medicina centrada na pessoa (MCP) e baixa os níveis de saúde mental (ansiedade e depressão) nos médicos de MGF, com impacto nos resultados em saúde. A MCP, reconhecendo holísticamente o doente, promove adesão ao tratamento, melhoria das consequências em saúde e bem-estar na saúde mental dos médicos, importante para melhor desempenho profissional.
Objetivos: Avaliar se a sobrecarga pela gestão da MM está associada à menor autoperceção da prática de MCP e a sintomas de distress psicológico nos médicos de MGF.
Métodos: Estudo observacional, transversal em amostra de conveniência de médicos de MGF aplicando um questionário online com o fator «Gestão da Consulta», do Questionário de Avaliação da Sobrecarga da Gestão da Multimorbilidade em MGF (SoGeMM-MGF), a dimensão «Compreender a pessoa como um todo», do Questionário de Autoperceção do Desempenho da Medicina Centrada na Pessoa em MGF, o Patient Health Questionnaire-4 (PHQ-4) e quatro perguntas de contexto. O estudo decorreu em agosto de 2021. Nas escalas, uma maior pontuação significa melhor estado.
Resultados: Amostra de n=151, 72% feminina, 45% com idade inferior a 35 anos. Verificou-se correlação negativa entre a pontuação «Gestão da Consulta» e «Compreender a pessoa como um todo» (ρ=-0,220; p=0,007) e correlação positiva entre a pontuação «Gestão da Consulta» e PHQ-4 (ρ=0,320; p<0,001).
Conclusões: Nesta amostra a sobrecarga pela gestão da MM associou-se a menor autoperceção da realização da MCP e a piores níveis e saúde mental nos médicos de MGF.
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