Uma causa incomum de acidente vascular cerebral isquémico em idade jovem: um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i3.13498Palavras-chave:
Acidente vascular cerebral, Mixoma auricular, Caso clínicoResumo
Introdução: O acidente vascular cerebral é a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. Os tumores cardíacos primários são raros, a maioria é benigna e o mixoma auricular é o mais comum de todos. Este tipo de tumor é mais frequente em mulheres jovens e tem apresentação clínica variável, dependendo da localização, tamanho e mobilidade da massa, podendo condicionar fenómenos cardioembólicos, como o acidente vascular cerebral. O tratamento é cirúrgico e, se detetado precocemente, o prognóstico pode ser favorável.
Descrição do caso: Descreve-se o caso de uma mulher de 37 anos, com antecedentes de acidente vascular cerebral isquémico considerado idiopático aos 22 anos, com quadro de hemi-hipostesia esquerda, alterações da visão, diminuição da força muscular do membro superior esquerdo e alterações na marcha, com evidência de lesão isquémica tálamo-capsular direita na tomografia computorizada e ressonância magnética crânio-encefálica. No ecocardiograma transtorácico identificou-se uma massa auricular esquerda sugestiva de mixoma, que foi confirmada por ecocardiograma transesofágico e submetida à resseção cirúrgica e confirmação histológica.
Comentário: Na suspeita de uma causa cardiogénica, o ecocardiograma deve ser prontamente realizado. O tumor cardíaco do tipo mixoma tem uma indicação de tratamento específico que é a resseção cirúrgica, com baixo risco de recorrência de evento cerebrovascular no follow-up. Este caso realça a importância do estudo complementar no acidente vascular cerebral. Por outro lado, o caso também demonstra a importância da articulação que deve existir entre os cuidados de saúde primários e secundários, particularmente com a cardiologia, para a deteção e gestão de patologias como o mixoma auricular e o acidente vascular cerebral isquémico.
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