Abordagem da esteatose hepática não alcoólica nos cuidados de saúde primários

Autores

  • Sara Sapage Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Fonte do Rei, ACeS Pinhal Litoral. Maceira, Leiria, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13546

Palavras-chave:

Fígado gordo não alcoólico, Cuidados de saúde primários

Resumo

Introdução: A nova epidemia da doença hepática crónica está relacionada com a esteatose hepática não alcoólica, que aumenta paralelamente ao aumento da obesidade a nível mundial. A prevalência global é atualmente estimada em 24%, sendo mais comum no sexo masculino. A maioria destes doentes pode ser seguida nos cuidados de saúde primários; contudo, estudos recentes têm demonstrado conhecimento insuficiente acerca desta patologia entre os médicos de família com dificuldade em identificar os doentes com fibrose significativa que precisam de intervenção por parte do gastroenterologista.

Objetivo: Com este trabalho pretende-se fazer uma revisão da abordagem da esteatose hepática não alcoólica nos cuidados de saúde primários.

Métodos: Para a realização deste artigo de revisão foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base de dados PubMed em outubro/2021, utilizando os termos MeSH non-alcoholic fatty liver e primary care.  Foram selecionados artigos publicados entre 2010 e 2021, redigidos em português, inglês ou espanhol e com texto integral disponível na integra. Foram obtidos 122 resultados, considerando-se numa fase final que apenas 22 se enquadravam nos objetivos do estudo.

Resultados: Os doentes com esta patologia identificada devem ser avaliados quanto ao estadio de fibrose hepática, sendo nesta fase que reside a maior dificuldade. Doentes com fibrose avançada têm risco de desenvolver cirrose e carcinoma hepatocelular. Existem inúmeros métodos de diagnóstico de fibrose em doentes com esteatose hepática não alcoólica diagnosticada que podem ser aplicados nos cuidados de saúde primários, devido à utilização de valores séricos fáceis de obter e com baixos custos, permitindo o cálculo de scores facilmente acessíveis. Dos scores estudados estão recomendados para deteção de fibrose avançada o FIB-4 e o NFS.

Conclusão: A sugestão deste estudo para a abordagem desta patologia nos cuidados de saúde primários passa pela criação de um algoritmo de seguimento e encaminhamento dos doentes de acordo com os valores obtidos pelo cálculo dos scores e critérios clínicos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Younossi Z, Anstee QM, Marietti M, Hardy T, Henry L, Eslam M, et al. Global burden of NAFLD and NASH: trends, predictions, risk factors and prevention. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2018;15(1):11-20.

Agganis B, Lee D, Sepe T. Liver enzymes: no trivial elevations, even is asymptomatic. Cleve Clin J Med. 2018;85(8):612-7.

Pattison RJ, Esteban JP, Sempokuya T, Kewcharoen J, Kalathil S, Kuwada SK. Nonalcoholic fatty liver disease: an important consideration for primary care providers in Hawaii. Hawaii J Health Soc Welf. 2020;79(6):180-6.

Sanyal AJ. Putting non-alcoholic fatty liver disease on the radar for primary care physicians: how well are we doing? BMC Med. 2018;16(1):148.

Ngu JH, Goh GB, Poh Z, Soetikno R. Managing non-alcoholic fatty liver disease. Singapore Med J. 2016;57(7):368-71.

Caballeria L, Tóran P. Epidemia de esteatosis hepática: un análisis desde la atención primaria [The fatty liver epidemic: an analysis from the primary care]. Aten Primaria. 2019;51(9):525-6. Spanish

Lee J, Vali Y, Boursier J, Spijker R, Anstee QM, Bossuyt PM, et al. Prognostic accuracy of FIB-4, NAFLD fibrosis score and APRI for NAFLD-related events: a systematic review. Liver Int. 2021;41(2):261-70.

Grgurevic I, Podrug K, Mikolasevic I, Kukla M, Madir A, Tsochatzis EA. Natural history of nonalcoholic fatty liver disease: implications for clinical practice and an individualized approach. Can J Gastroenterol Hepatol. 2020;2020:9181368.

Arab JP, Dirchwolf M, Álvares-da-Silva MR, Barrera F, Benítez C, Castellanos-Fernandez M, et al. Latin American Association for the study of the liver (ALEH) practice guidance for the diagnosis and treatment of non-alcoholic fatty liver disease. Ann Hepatol. 2020;19(6):674-90.

Sheridan DA, Aithal G, Alazawi W, Allison M, Anstee Q, Cobbold J, et al. Care standards for non-alcoholic fatty liver disease in the United Kingdom 2016: a cross-sectional survey. Frontline Gastroenterol. 2017;8(4):252-9.

Samperio-González MA, Selvi-Blasco M, Manzano-Montero M, Méndez-Gómez J, Gil-Prades M, Azagra R. Prevalencia de la esteatosis hepática no alcohólica em población con hipertransaminasemia y grado de adecuación del diagnóstico registrado em atención primaria [Prevalence of non-alcoholic fatty liver disease in a population with elevated transaminases and level of accuracy of the diagnosis in primary care]. Aten Primaria. 2016;48(5):281-7. Spanish

Salva-Pastor N, Chávez-Tapia NC, Uribe M, Núño-Lámbarri N. The diagnostic and initial approach of the patient with non-alcoholic fatty liver disease: role of the primary care provider. Gastroenterol Hepatol Bed Bench. 2019;12(4):267-77.

Fowell AJ, Fancey K, Gamble K, Bicknell K, Dowman JK, Howden P, et al. Evaluation of a primary to secondary care referral pathway and novel nurse-led one-stop clinic for patients with suspected non-alcoholic fatty liver disease. Frontline Gastroenterol. 2020;12(2):102-7.

Caballería L, Auladell MA, Torán P, Pera G, Miranda D, Alumà A, et al. Risk factors associated with non-alcoholic fatty liver disease in subjects from primary care units: a case-control study. BMC Gastroenterol. 2008;8:44.

Armstrong MJ, Houlihan DD, Bentham L, Shaw JC, Cramb R, Olliff S, et al. Presence and severity of non-alcoholic fatty liver disease in a large prospective primary care cohort. J Hepatol. 2012;56(1):234-40.

Srivastava A, Gailer R, Tanwar S, Trembling P, Parkes J, Rodger A, et al. Prospective evaluation of a primary care referral pathway for patients with non-alcoholic fatty liver disease. J Hepatol. 2019;71(2):371-8.

Ghevariya V, Sandar N, Patel K, Ghevariya R, Aron J, Anand S. Knowing what’s out there: awareness of non-alcoholic fatty liver disease. Front Med. 2014;1:4.

Kumar R, Teo EK, How CH, Wong TY, Ang TL. A practical clinical approach to liver fibrosis. Singapore Med J. 2018;59(12):628-33.

Zain SM, Tan HL, Mohamed Z, Chan WK, Mahadeva S, Basu RC, et al. Use of simple scoring systems for a public health approach in the management of non-alcoholic fatty liver disease patients. JGH Open. 2020;4(6):1155-61.

Yadav Y, Syn WK, Basu R. Evolving management strategies for nonalcoholic fatty liver disease-targeting primary care physicians. Diabetes Technol Ther. 2019;21(11):611-8.

Boursier J, Tsochatzis EA. Case-finding strategies in non-alcoholic fatty liver disease. JHEP Rep. 2020;3(2):100219.

Fabrellas N, Hernández R, Graupera I, Solà E, Ramos P, Martín N, et al. Prevalence of hepatic steatosis as assessed by controlled attenuation parameter (CAP) in subjects with metabolic risk factors in primary care: a population-based study. PLoS One. 2018;13(9):e0200656.

Downloads

Publicado

22-12-2023

Como Citar

Abordagem da esteatose hepática não alcoólica nos cuidados de saúde primários. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 582-7. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13546