Varicela na grávida: imunidade, contacto e infeção – a propósito de um caso clínico

Autores

  • Catarina Afonso Cruz Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Aqueduto, ACeS Grande Porto IV – Póvoa de Varzim. Vila do Conde, Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Porto, Portugal.
  • Anabela Carvalho Rodrigues Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Aqueduto, ACeS Grande Porto IV – Póvoa de Varzim. Vila do Conde, Portugal.
  • Rita Sales Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar. UCSP Sul (Santa Maria da Feira), ACeS Entre Douro e Vouga I – Feira e Arouca. Santa Maria da Feira, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i4.13560

Palavras-chave:

Gravidez, Varicela, Infeção pelo vírus da varicela zoster, Cuidado pré-natal, Vacina contra varicela, Relato de caso

Resumo

Introdução: A varicela na gravidez é uma patologia pouco frequente em Portugal devido à alta taxa de imunidade da população em idade fértil. Associa-se a risco mais elevado de complicações maternas assim como a morbimortalidade fetal significativa, particularmente quando a infeção ocorre até às 20 semanas de gestação ou no período periparto.

Descrição do caso: Mulher de 31 anos, natural da Rússia, grávida, 2G1P, vigiada na Unidade de Saúde Familiar e consulta de obstetrícia. Recorreu à consulta aberta da sua Unidade de Saúde Familiar às 27 semanas de gestação por contacto significativo com caso de varicela. Encontrava-se assintomática e não apresentava alterações ao exame objetivo. Desconhecia história prévia de varicela ou zona e não tinha registo de vacinação contra o vírus varicela zoster. Foi orientada para o serviço de urgência de obstetrícia, onde colheu serologias. Foi confirmada ausência de imunidade para o vírus varicela zoster, pelo que realizou profilaxia com imunoglobulina. Desenvolveu varicela às 29 semanas e dois dias de gestação, não tendo sido registadas complicações maternas associadas à varicela ou detetados sinais ecográficos de síndroma de varicela fetal. A gravidez decorreu sem outras intercorrências e terminou às 41 semanas e dois dias de gestação. O recém-nascido não apresentava alterações sugestivas de síndroma de varicela fetal.

Comentários: O caso clínico descrito pretende enfatizar a necessidade do conhecimento do médico de família da abordagem das grávidas com contacto com varicela ou que desenvolvam a doença. Para além disso, tem como objetivo alertar para a importância da avaliação do estado de imunidade em idade fértil para a identificação de mulheres potencialmente não imunes e a sua atempada orientação.

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Biografias do Autor

  • Catarina Afonso Cruz, Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Aqueduto, ACeS Grande Porto IV – Póvoa de Varzim. Vila do Conde, Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Porto, Portugal.

    Médica Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar; Doutoramento em Bioquímica, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

  • Anabela Carvalho Rodrigues, Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF Aqueduto, ACeS Grande Porto IV – Póvoa de Varzim. Vila do Conde, Portugal.

    Médica Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar

  • Rita Sales, Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar. UCSP Sul (Santa Maria da Feira), ACeS Entre Douro e Vouga I – Feira e Arouca. Santa Maria da Feira, Portugal.

    Assistente em Medicina Geral e Familiar

Referências

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Publicado

14-09-2023

Como Citar

Varicela na grávida: imunidade, contacto e infeção – a propósito de um caso clínico. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(4), 345-50. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i4.13560

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