Pessoa com insuficiência cardíaca na Região Centro de Portugal: o seu contexto em 2022

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13721

Palavras-chave:

Insuficiência cardíaca, Cuidados de saúde primários, Graffar, SEDI

Resumo

Objetivo: Estudar as características de contexto das pessoas com insuficiência cardíaca da Região Centro de Portugal e a maneira como o diagnóstico foi feito.

Método: Estudo observacional transversal em amostra representativa e aleatória de pessoas sofrendo de insuficiência cardíaca (PCIC), em 2022, com dados em anonimato de unidades de saúde em cuidados de saúde primários (CSP) convidadas em conveniência na Região de Saúde do Centro. Para cada PCIC estudaram-se: sexo, idade, número de problemas crónicos de saúde, índice de Graffar, tipo de família, formação académica, economia familiar, calculando-se o Socioeconomic Deprivation Index (SEDI) e o modo de realização do diagnóstico. Realizou-se estatística descritiva, inferencial adaptada e correlacional.

Resultados: Em amostra de n=350 PCIC, 151 (43,1%) do sexo masculino, 84,0% em classes Graffar média e média-baixa, 61,8% com formação académica baixa e 44,0% com insuficiência económica, o valor médio de SEDI foi de 4,3 [3 a 6], verificou-se multimorbilidade em 97,4%, média de 9±4 problemas crónicos de saúde, bem como diferenças significativas entre sexos quanto ao tipo de família, formação académica, economia familiar, idade, nível SEDI, data de diagnóstico e ano da primeira ecocardiografia registada, piores e com mais tempo no sexo feminino. Verificaram-se correlações fracas, mas significativas (ρ=0,156, p=0,003), entre a idade e o número de doenças crónicas e entre a data de diagnóstico de IC e o ano da primeira ecocardiografia registada (ρ=0,375, p<0,001).

Discussão: Adequados conhecimento e gestão das variáveis de contexto das PCICs podem e devem ser consideradas pelos médicos por influenciarem o curso da doença, o prognóstico e os custos para as PCIC, suas famílias e serviços de saúde.

Conclusão: As PCICs da Região Centro de Portugal Continental são idosas, com multimorbilidade, com estatuto socioeconómico desfavorável e formação académica baixa. O diagnóstico foi confirmado sobretudo por ecocardiografia.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Luiz Miguel Santiago, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra USF Topázio, ACES Baixo Mondego

    Luiz Miguel de Mendonça Soares Santiago é Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra desde 1979, Mestre em Saúde Pública pela Universidade de Coimbra desde 2006 e Doutorado por unanimidade com distinção e louvor, pela Universidade de Coimbra, na Especialidade de Sociologia Médica, ramo de Medicina Preventiva e Comunitária desde 11/11/2009.

    É desde1/7/2017 Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, regendo as Unidades Curriculares de MISP IV, 3º Ano e de Medicina Geral e Familiar, 5º Ano.

    Desde 30 de Janeiro de 2018 tem o título de "Agregado".

    Médico, especialista em Medicina Geral e Familiar, é Consultor com o Grau de Assistente Graduado Sénior da Carreira de Medicina Geral e Familiar desde 2002, sendo orientador no Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar desde 2006, tendo exercido na Unidade de Saúde Familiar Topázio em Coimbra, onde ainda continua actividade clínica, agora reduzida.

    Professor Associado Convidado da Universidade da Beira Interior, onde é regente das cadeiras de CSP I, II e III entre 2011 e 2017.

    Desde 2014 até 2017 foi Professor Adjunto Convidado da Coimbra Health Scholl lecionando Patologia Geral.   

    Membro da Academia Europeia de Professores em Medicina Geral e Familiar (EURACT) é orientador de Teses de Mestrado Integrado e de Mestrado Pré-Bolonha bem como de Doutoramento, na Universidade de Coimbra (2) e na Universidade da Beira Interior (6).

    É membro da Comissão de Ética da ARS do Centro.

    Tem vasta bibliografia publicada individualmente e em co-autoria em revistas nacionais e internacionais com “revisores-par” e indexadas (27 artigos).

    Desde março de 2017 é membro investigador do CEISUC, FEUC.

    Em Novembro de 2017 é eleito sócio correspondente da Academia Nacional de Medicina.

    Aguarda a marcação de Provas de Agregação a serem prestadas na Universidade da Beira Interior.

Referências

McDonagh TA, Metra M, Adamo M, Gardner RS, Baumbach A, Böhm M, et al. 2021 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. Eur Heart J. 2021;42(36):3599-726.

Ceia F, Fonseca C, Mota T, Morais H, Matias F, Sousa A, et al. Prevalence of chronic heart failure in Southwestern Europe: the EPICA study. Eur J Heart Fail. 2002;4(4):531-9.

Savarese G, Lund LH. Global public health burden of heart failure. Card Fail Rev. 2017;3(1):7-11.

Fonseca C, Brás D, Araújo I, Ceia F. Heart failure in numbers: estimates for the 21st century in Portugal. Rev Port Cardiol. 2018;37(2):97-104.

Fonseca C. Diagnosis of heart failure in primary care. Heart Fail Rev. 2006;11(2):95-107.

Fonseca C, Morais H, Mota T, Matias F, Costa C, Gouveia-Oliveira A, et al. The diagnosis of heart failure in primary care: value of symptoms and signs. Eur J Heart Fail. 2004;6(6):795-800.

Groenewegen A, Rutten FH, Mosterd A, Hoes AW. Epidemiology of heart failure. Eur J Heart Fail. 2020;22(8):1342-56.

Prazeres F, Santiago L. Prevalence of multimorbidity in the adult population attending primary care in Portugal: a cross-sectional study. BMJ Open. 2015;5(9):e009287.

Sullivan K, Doumouras BS, Santema BT, Walsh MN, Douglas PS, Voors AA, et al. Sex-specific differences in heart failure: pathophysiology, risk factors, management, and outcomes. Can J Cardiol. 2021;37(4):560-71.

Bispo RM, Santiago LM, Rosendo I, Simões JA. Risco familiar, classificação socioeconómica e multimorbilidade em medicina geral e familiar em Portugal [Family risk, socioeconomic classification and multimorbidity in general and family medicine in Portugal]. Rev Port Med Geral Fam. 2022;38(2):149-56. Portuguese

Lamnisos D, Lambrianidou G, Middleton N. Small-area socioeconomic deprivation indices in Cyprus: Development and association with premature mortality. BMC Public Health. 2019;19(1):627.

Ribeiro AI, Launay L, Guillaume E, Launoy G, Barros H. The Portuguese version of the European deprivation index: development and association with all-cause mortality. PLoS One. 2018;13(12):e0208320.

Nave-Leal E, Pais-Ribeiro J, Oliveira MM, Silva N, Soares R, Fragata J, et al. Psychometric properties of the Portuguese version of the Kansas City cardiomyopathy questionnaire in dilated cardiomyopathy with congestive heart failure. Rev Port Cardiol. 2010;29(3):353-72.

Santiago LM, Prazeres F, Boto T, Maurício K, Rosendo I, Simões JA. Multimorbidity daily life activities and socio-economic classification in the central Portugal primary health care setting: an observational study. Fam Med Prim Care Rev. 2020;22(1):54-8.

Pinto D. O que classificar nos registos clínicos com a Classificação Internacional de Cuidados Primários? [What should we code in health records with the International Classification of Primary Care?] Rev Port Med Geral Fam. 2014;30(5):328-34. Portuguese

Bettencourt P, Lourenço P, Azevedo A. Influence of socioeconomic status on therapy and prognosis after an acute heart failure episode. Int J Cardiol. 2013;168(5):4985-7.

Mathews L, Ding N, Mok Y, Shin JI, Crews DC, Rosamond WD, et al. Impact of socioeconomic status on mortality and readmission in patients with heart failure with reduced ejection fraction: the ARIC Study. J Am Heart Assoc. 2022;11(18):e024057.

Moita B, Marques AP, Camacho AM, Neves PL, Santana R. One-year rehospitalisations for congestive heart failure in Portuguese NHS hospitals: a multilevel approach on patterns of use and contributing factors. BMJ Open. 2019;9(9):e031346.

Violan C, Foguet-Boreu Q, Flores-Mateo G, Salisbury C, Blom J, Freitag M, et al. Prevalence, determinants and patterns of multimorbidity in primary care: a systematic review of observational studies. PLoS One. 2014;9(7):e102149.

Observatório Português dos Sistemas de Saúde. O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) é uma parceria entre a Escola.

Gomes J, Machado A, Cavadas LF, Teixeira H, Pires P, Santos JA, et al. Perfil do hiperfrequentador nos cuidados de saúde primários [The primary care frequent attender profile]. Acta Med Port. 2013;26(1):17-23. Portuguese

Marques-Alves P, Marinho AV, Almeida JP, Gonçalves T, Costa M, Ferreira M, et al. Real-world analysis of acute decompensated heart failure outcomes in Portugal. ESC Heart Fail. 2020;7(2):551-8.

Como JM. Health literacy and health status in people with chronic heart failure. Clin Nurse Spec. 2018;32(1):29-42.

Downloads

Publicado

22-12-2023

Como Citar

Pessoa com insuficiência cardíaca na Região Centro de Portugal: o seu contexto em 2022. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 513-21. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13721

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 > >>