Avaliação da desprescrição nos cuidados de saúde primários, sob a perspetiva dos médicos

Autores

  • Mariana B. Oliveira USF Foz do Minho, ULS do Alto Minho. Caminha, Portugal.
  • Catarina Campos USF Foz do Minho, ULS do Alto Minho. Caminha, Portugal.
  • Joana Lascasas USF Terras da Maia, ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo. Maia, Portugal.
  • Vera Ribeiro da Silva USF Foz do Minho, ULS do Alto Minho. Caminha, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13760

Palavras-chave:

Desprescrição, Polimedicação, Multimorbilidade, Cuidados de saúde primários, Médico de família

Resumo

Introdução: A desprescrição terapêutica consiste na identificação e proposta de descontinuação de fármacos cujos danos superam os benefícios, sendo esta complexa gestão geralmente atribuída ao médico de família (MF).

Objetivos: Determinar a autoperceção dos MF quanto às suas práticas de desprescrição, bem como as barreiras e fatores facilitadores identificados pelos mesmos. Como objetivo secundário pretendeu-se a sensibilização dos MF para a desprescrição terapêutica.

Método: Estudo observacional e descritivo, no qual foi aplicado um questionário a internos de 3º e 4º anos e MF num Agrupamento de Centros de Saúde da região norte de Portugal. Foi aprovado pela Comissão de Ética e a análise estatística realizada no Microsoft Excel®.

Resultados: Obtiveram-se 63 respostas, sendo 68,3% mulheres e a idade média 42,8 anos. Dos inquiridos, 81% eram especialistas e 57,1% e 14,3% tinham formação em cuidados paliativos e geriatria, respetivamente. Sobre a desprescrição, 98% observavam frequentemente doentes com multimorbilidade e 97% com polimedicação. No entanto, 49,2% da amostra referiu aplicar a desprescrição apenas ocasionalmente. Os fármacos mais frequentemente desprescritos foram anti-inflamatórios não esteroides, estatinas e bifosfonatos. As características do utente consideradas muito importantes para a desprescrição foram: qualidade (79,4%) e esperança de vida (71,4%), deterioração cognitiva (60%) e dependência física (49,2%). Os riscos (65,1%) e benefícios do fármaco (52,4%) e a existência de guidelines (46%) foram considerados os fatores (alheios ao doente) mais importantes para a prática da desprescrição. A barreira mais frequentemente observada foi o tempo limitado para revisão terapêutica (41,3%), enquanto a má adesão terapêutica foi o fator facilitador reconhecido ocasionalmente pela maioria (69,8%).

Conclusão: Doentes com critérios de desprescrição são frequentemente reconhecidos pelos MF, escasseando ainda alguma proatividade nesta prática. A existência de guidelines foi considerada um fator muito importante e o tempo limitado uma barreira frequente. Assim, criar linhas orientadoras e consultas específicas poderão ser estratégias de melhoria.

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Publicado

22-12-2023

Como Citar

Avaliação da desprescrição nos cuidados de saúde primários, sob a perspetiva dos médicos. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 563-81. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13760