CoDifiCaR – Codificação da doença renal crónica: qual a sua relevância? Estudo multicêntrico em seis Unidades de Saúde Familiar de Vila Nova de Gaia
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i2.13871Palavras-chave:
Doença renal crónica, Codificação, ICPC-2, Taxa de filtração glomerular, Cuidados de saúde primáriosResumo
Introdução: A doença renal crónica (DRC) representa um grave problema de saúde pública. Alguns dos principais fatores de risco para o seu desenvolvimento são comuns às principais causas de morbilidade nos cuidados de saúde primários, sendo importante identificar estes doentes e registar o problema no processo clínico informatizado.
Objetivos: Pretende-se estimar a prevalência da DRC nas Unidades de Saúde Familiar (USF) estudadas e identificar os fatores que influenciam a codificação da DRC pelo médico.
Métodos: Foram incluídos utentes inscritos nas seis USF participantes no estudo que tivessem registo de um valor de creatinina nos últimos cinco anos. Foi aplicado um questionário aos médicos dessas USF (n=55) para avaliar as possíveis barreiras associadas à codificação da DRC.
Resultados: Foram incluídos 30.760 utentes no estudo. Destes, 4.800 apresentavam TFG <60ml/min (15,6%) e 1.863 apresentavam a codificação U99 (6,1%). Apenas 2,8% apresentavam simultaneamente TFG <60ml/min e codificação U99 (n=862). A prevalência de DRC encontrada foi de 6,4%. O questionário teve uma proporção de resposta de 69,1%. A maioria dos médicos que preencheram afirmou conhecer o código U99 (n=33, 86,9%) e referiu utilizá-lo (n=31, 81,6%). Os principais motivos que influenciam a não-codificação foram o esquecimento (n=21, 55,3%), a falta de tempo na consulta (n=19, 50%) e a inexistência de um código da Classificação Internacional de Cuidados Primários, 2ª edição (ICPC-2) específico para DRC (n=16, 42,1%).
Conclusões: Atendendo à prevalência da DRC e às suas implicações é importante que seja registada na lista de problemas. Um código mais específico para a DRC permitiria uma melhor identificação e acompanhamento destes utentes.
Downloads
Referências
1. Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO) CKD Work Group. KDIGO 2012 clinical practice guideline for the evaluation and management of chronic kidney disease. Kidney Int Suppl. 2013;3:1-150.
2. Schoolwerth AC, Engelgau MM, Hostetter TH, Rufo KH, Chianchiano D, McClellan WM, et al. Chronic kidney disease: a public health problem that needs a public health action plan. Prev Chronic Dis. 2006;3(2):A57.
3. Vinhas J, Gardete-Correia L, Boavida JM, Raposo JF, Mesquita A, Fona MC, et al. Prevalence of chronic kidney disease and associated risk factors, and risk of end-stage renal disease: data from the PREVADIAB study. Nephron Clin Pract. 2011;119(1):c35-40.
4. Vinhas J, Aires I, Batista C, Branco P, Brandão J, Nogueira R, et al. RENA study: cross-sectional study to evaluate CKD prevalence in Portugal. Nephron. 2020;144(10):479-87.
5. Coelho A, Diniz A, Hartz Z, Dussault G. Gestão integrada da doença renal crónica: análise de uma política inovadora em Portugal [Integrated management of chronic kidney disease: analysis of an innovative policy in Portugal]. Rev Port Saúde Pública. 2014;32(1):69-79. Portuguese
6. Ammirati AL. Chronic kidney disease. Rev Assoc Med Bras. 2020;66 Suppl 1:s03-9.
7. National Health Service. Chronic kidney disease: overview [homepage]. London: NHS; 2023 [updated 2023 Mar 22; cited 2023 Apr 17]. Available from: https://www.nhs.uk/conditions/kidney-disease/
8. Levey AS, de Jong PE, Coresh J, El Nahas M, Astor BC, Matsushita K, et al. The definition, classification, and prognosis of chronic kidney disease: a KDIGO Controversies Conference report. Kidney Int. 2011;80(1):17-28. Erratum in: Kidney Int. 2011;80(9):1000.
9. Said S, Hernandez GT. The link between chronic kidney disease and cardiovascular disease. J Nephropathol. 2014;3(3):99-104.
10. Vassalotti JA, Centor R, Turner BJ, Greer RC, Choi M, Sequist TD, et al. Practical approach to detection and management of chronic kidney disease for the primary care clinician. Am J Med. 2016;129(2):153-62.e7.
11. Silva B, Valente CP, Lourenço G, Coelho GM, Rola JE, Magalhães L, et al. Plano local de saúde: ACeS Gaia 2015-2020 [homepage]. Vila Nova de Gaia: Unidade de Saúde Pública do ACeS Gaia; 2015. Available from: https://bicsp.min-saude.pt/pt/biufs/1/10023/Pages/default.aspx
12. Nagtegaal R, Tummers L, Noordegraaf M, Bekkers V. Nudging healthcare professionals towards evidence-based medicine: a systematic scoping review. J Behav Public Admin. 2019;2(2):1-20.
13. Pinto D, Corte-Real S. Codificação com a classificação internacional de cuidados primários (ICPC) por internos de medicina geral e familiar [International classification for primary care (ICPC) coding by family medicine trainees]. Rev Port Clin Geral. 2010;26(4):370-82. Portuguese
14. Serviço Nacional de Saúde. Consultas médicas nos cuidados de saúde primários [homepage]. Lisboa: Ministério da Saúde; 2023 [cited 2023 Apr 17. Available from: https://transparencia.sns.gov.pt/explore/embed/dataset/evolucao-das-consultas-medicas-nos-csp/table/?sort=tempo
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Os autores concedem à RPMGF o direito exclusivo de publicar e distribuir em suporte físico, electrónico, por meio de radiodifusão ou em outros suportes que venham a existir o conteúdo do manuscrito identificado nesta declaração. Concedem ainda à RPMGF o direito a utilizar e explorar o presente manuscrito, nomeadamente para ceder, vender ou licenciar o seu conteúdo. Esta autorização é permanente e vigora a partir do momento em que o manuscrito é submetido, tem a duração máxima permitida pela legislação portuguesa ou internacional aplicável e é de âmbito mundial. Os autores declaram ainda que esta cedência é feita a título gratuito. Caso a RPMGF comunique aos autores que decidiu não publicar o seu manuscrito, a cedência exclusiva de direitos cessa de imediato.
Os autores autorizam a RPMGF (ou uma entidade por esta designada) a actuar em seu nome quando esta considerar que existe violação dos direitos de autor.