Melanoma maligno acral na gravidez: um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i1.13960Palavras-chave:
Melanoma maligno, GravidezResumo
A incidência de melanoma maligno está a aumentar drasticamente, sendo uma das neoplasias mais comuns durante a gravidez e com elevado potencial metastático. A maioria desenvolve-se em nevos pigmentados pré-existentes e a hiperpigmentação da gravidez contribui para o atraso no diagnóstico. Profundidades superiores a um milímetro, presença de ulceração e/ou mitoses e metastização são fatores associados a mau prognóstico. A metastização para a placenta e para o feto é extremamente rara. A escolha deste caso clínico teve como objetivo alertar para a importância de identificar lesões cutâneas suspeitas precocemente. O caso diz respeito a uma grávida, de 33 anos, com 36 semanas de gestação, que recorreu à Unidade de Saúde Familiar por apresentar uma lesão ulcerada, de difícil cicatrização, no primeiro dedo do pé esquerdo, com evolução gradual de seis meses, que associou a traumatismo local. Ao exame objetivo observou-se lesão pigmentada com cerca de três centímetros, de bordos irregulares e coloração heterogénea e com área focal pericentimétrica de ulceração. Pela suspeita clínica de melanoma maligno foi pedida consulta hospitalar urgente de rastreio teledermatológico. Na consulta foi realizada biópsia cutânea incisional e ecografia inguinal com citopunção de adenomegália suspeita. A utente foi submetida a desarticulação do primeiro dedo do pé esquerdo e esvaziamento inguinal esquerdo, que revelaram melanoma acrolentiginoso com 7mm de espessura e micrometástases em dois gânglios. O restante estudo de imagem não evidenciou outras lesões secundárias. Foi estabelecido o diagnóstico de melanoma maligno classificado como pT4bN2bM0, estádio IIIC, com indicação para imunoterapia adjuvante, mas prognóstico reservado. Assim, o caso descrito enfatiza a importância de incutir nas grávidas (e restantes utentes) a realização de autoexame cutâneo regular. Ao médico compete o exame cutâneo minucioso, especialmente na presença de múltiplos nevos pigmentados, permitindo uma deteção, referenciação e diagnóstico atempados e, portanto, acesso a terapêuticas potencialmente curativas.
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