O desafio da polipatologia crónica em medicina familiar

Autores

  • Mariana Tudela Interna de MGF, USF Horizonte, Matosinhos
  • Filipa Almada Lobo Ex-interna de MGF, USF Horizonte. Médica de Família, CS de S. Mamede Infesta

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v24i1.10459

Palavras-chave:

Artrite Reumatóide, Polipatologia, Comorbilidade

Resumo

A necessidade de orientar doentes com polipatologia é um dos desafios da medicina familiar. As limitações funcionais e álgicas consequentes de doenças do foro reumatológico exigem uma boa articulação de cuidados. O médico de família, que melhor enquadra o contexto biopsicossocial do doente, assume um papel primordial nesta integração. Relata-se o caso de uma mulher de 49 anos, raça caucasiana, reformada por invalidez aos 46 anos, ex-promotora de vendas, natural de Matosinhos e residente em Rio Tinto. Inserida numa família nuclear com 3 filhos, estádio de Duvall VI, Graffar IV e Apgar familiar 10, apresenta um risco familiar médio de Segóvia-Dreyer. É apresentado o genograma, círculo de Thrower e linha de vida da doente. Esteve ligada à consulta de reumatologia durante cerca de quatro anos, após diagnóstico de artrite reumatóide, em 1993. Como complicação da corticoterapia crónica, desenvolveu diabetes. Durante 4 anos, foi cuidadora da mãe semi-acamada e, neste período, submetida a 4 cirurgias ortopédicas, apresentando uma limitação funcional importante. Poucos meses após a morte da mãe e diagnóstico de diabetes no filho, desenvolveu pancreatite aguda com choque séptico. Desde então, apresentou vários quadros de infecção osteoarticular, assistindo-se a uma degradação das relações familiares. Tem mantido dor crónica resistente à terapêutica e apresenta limitação significativa (Índice de Karnovsky 40-50%). Três vizinhas, que a doente considera como família, assumem o papel de principais cuidadoras. Este caso revela uma doente com múltiplas morbilidades, cujo acompanhamento tem sido efectuado de forma descontinuada, sugerindo uma deficiente articulação entre cuidados primários e secundários. Não dissociados da dor crónica e marcada limitação funcional estiveram vários acontecimentos de vida e períodos de desequilíbrio familiar. Com o presente caso, salienta-se a importância da implementação de um modelo de cuidados centrado na pessoa, integrando toda a constelação das suas comorbilidades.

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Publicado

01-01-2008

Como Citar

O desafio da polipatologia crónica em medicina familiar. (2008). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 24(1), 29-37. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v24i1.10459

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