Terapia antirretroviral: investigação de implementação nos cuidados de saúde primários, Nampula, Moçambique.
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v34i5.12312Resumo
Objetivo: avaliar a situação clínica dos pacientes em tratamento antirretroviral, as taxas de adesão e abandono e seus fatores determinantes e intervir para melhorar o programa de luta contra o vírus da imunodeficiência humana em Nampula.
Tipo de estudo: investigação de implementação, descritiva mista.
Local: centros de saúde distritais (10) na Província de Nampula, Moçambique.
População: pacientes em tratamento antirretroviral e que abandonaram o tratamento, profissionais dos cuidados de saúde primários e praticantes tradicionais de saúde.
Métodos: aplicação de inquérito a pacientes e praticantes tradicionais de saúde, entrevista semiestruturada com profissionais de saúde, discussão de grupos focais com praticantes tradicionais e consulta documental. Avaliada a linha de base nos centros de saúde alvo e controlo, foi realizada uma ação de educação para a saúde com os pacientes e com os praticantes tradicionais e de formação médica com os profissionais de saúde nos distritos alvo. Depois foram avaliados os indicadores clínicos e do programa em todos os centros de saúde.
Resultados: a insegurança alimentar, discriminação e dificuldade de acesso aos serviços de saúde, contribuem para uma taxa de abandono do tratamento atingindo 50 % dos pacientes. A boa adesão verifica-se em 69 %. A ação foi realizada em cinco distritos, com 63 pacientes, 59 praticantes tradicionais e 96 profissionais de saúde. Nos distritos de ação verificámos um aumento do número de Grupos de Apoio à Aderência Comunitários e de referências aos cuidados de saúde primários e uma redução do risco de abandono do tratamento de 69 %.
Conclusões: existem diversas causas de abandono da terapia antirretroviral e baixa adesão. O abandono da TARV é um problema grave em Nampula e resulta de fatores individuais, sociais e do sistema de saúde. Intervenções interdisciplinares de baixo custo na área da educação em saúde, associadas a extensão agrária, podem inverter esta situação.
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