Migração de dispositivo intrauterino: relato de caso

Autores

  • Maria José Correia Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar. USF Jardins da Encarnação, ACeS Lisboa Central. Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-0886-5581
  • Ana Magro Lopes Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar. UCSP Beja, USLBA. Beja, Portugal. https://orcid.org/0000-0003-0899-0013

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i1.13079

Palavras-chave:

Dispositivo intrauterino, Migração

Resumo

Introdução: Os dispositivos intrauterinos (DIU) são um método contracetivo de longa duração, amplamente colocados por médicos de família e ginecologistas. Apesar de serem seguros e fiáveis existem possíveis complicações, como perfurações e abcessos associados à sua colocação. Na literatura estão descritos mais de mil casos de migração de DIU desde o útero até outras localizações, como o cólon sigmoide ou a cavidade peritoneal.

Descrição do caso: Descreve-se o caso de uma mulher de 54 anos, natural da Guiné-Bissau, com dor pélvica e dispareunia recorrente desde há dez anos, tendo sido seguida em consulta hospitalar de ginecologia durante quatro anos. Nos últimos anos apresentava queixas irritativas urinárias, como disúria, polaquiúria e urgência miccional, com presença de hematúria, piúria e uroculturas positivas. Apesar do tratamento antibiótico dirigido, com vários ciclos de antibióticos, constatava-se recorrência das queixas, pelo que realizou ecografia ginecológica e vesical, onde se detetou uma formação hiperecogénica linear na bexiga, compatível com DIU. A utente foi encaminhada para o serviço de urgência de urologia, onde foi confirmado o diagnóstico e se procedeu à remoção.

Comentário: Na literatura, praticamente todos os casos de DIU extrauterinos são descritos como consequência da migração dos mesmos. As utentes utilizadoras de DIU devem efetuar um controlo clínico regular e, ante a suspeita de DIU “desaparecido” numa mulher com dor pélvica, disúria ou infeções urinárias recorrentes, deve proceder-se sempre à realização de exames complementares de diagnóstico para descartar a hipótese rara, mas possível, da sua migração.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Sundaram A, Vaughan B, Kost K, Bankole A, Finer L, Singh S, et al. Contraceptive failure in the United States: estimates from the 2006-2010 national survey of family growth. Perspect Sex Reprod Health. 2017;49(1):7-16.

Buhling KJ, Zite NB, Lotke P, Black K, INTRA Writing Group. Worldwide use of intrauterine contraception: a review. Contraception. 2014;89(3):162-73.

Heinemann K, Reed S, Moehner S, Minh TD. Risk of uterine perforation with levonorgestrel-releasing and copper intrauterine devices in the European Active Surveillance Study on Intrauterine Devices. Contraception. 2015;91(4):274-9.

Blanas K, Theodora M, Hassanaien M. Incidental discovery of two levonorgestrel-releasing intrauterine systems misplaced in the peritoneal cavity. Eur J Contracept Reprod Health Care. 2010;15(6):441-4.

Johri V, Vyas KC. Misplaced intrauterine contraceptive devices: common errors, uncommon complications. J Clin Diagn Res. 2013;7(5):905-7.

Insausti Jaca N, Urresola Olabarrieta A, Ibáñez S, Atilano Santos L, Aguinaga Alexanco A, Larrea Bilbao L. Perforación útero-vesical secundaria a un dispositivo intrauterino con formación de litiasis vesical: a propósito de dos casos [Uterovesical perforation secondary to intrauterine device with vesical lithiasis formation: a report of two cases]. Radiología. 2007;49(2):129-32. Spanish

Singh I. Intravesical Cu-T emigration: an atypical and infrequent cause of vesical calculus. Int Urol Nephrol. 2007;39(2):457-9.

Pereira BJ, Coelho H, Brandão A, Borges R, Leão R, Grenha V, et al. Migração transuterina transvesical espontânea de dispositivo intra-uterino [Transuterine transvesical IUD migration]. Acta Urol. 2010;4:55-7.

Kant S, Archana S, Singh AK, Ahamed F, Haldar P. Acceptance rate, probability of follow-up, and expulsion of postpartum intrauterine contraceptive device offered at two primary health centers, North India. J Family Med Prim Care. 2016;5(4):770-6.

Boortz HE, Margolis DJ, Ragavendra N, Patel MK, Kadell BM. Migration of intrauterine devices: radiologic findings and implications for patient care. Radiographics. 2012;32(2):335-52.

Esposito JM, Zarou DM, Zarou GS. A Dalkon Shield imbedded in a myoma: case report of an unusual displacement of an intrauterine contraceptive device. Am J Obstet Gynecol. 1973;117(4):578-81.

Goldbach AR, Hava S, Patel H, Khan M. IUD embedment in the fallopian tube: an unexpected location for a translocated IUD. Radiol Case Rep. 2018;13(4):788-92.

Gonzalvo Pérez V, Mola Ariza MJ, Navarro Antón JA, Botella Almodóvar R, Polo Peris A, López García LM, et al. Perforación uterina y migración vesical de un dispositivo intrauterino. Actas Urol Esp. 2001;25(6):458-61.

Chai W, Zhang W, Jia G, Cui M, Cui L. Vesical transmigration of an intrauterine contraceptive device: a rare case report and literature review. Medicine (Baltimore). 2017;96(40):e8236.

Reason J. Human error: models and management. BMJ. 2000;320(7237):768-70.

Yaphe J. Teaching and learning about uncertainty in family medicine. Rev Port Med Geral Fam. 2014;30(5):286-7.

Downloads

Publicado

2022-03-11

Como Citar

Correia, M. J., & Magro Lopes, A. (2022). Migração de dispositivo intrauterino: relato de caso. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 38(1), 104–7. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v38i1.13079