Fatores que influenciam a satisfação profissional em medicina geral e familiar em Portugal: um estudo nacional
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i2.13467Palavras-chave:
Medicina geral e familiar, Satisfação profissional, Avaliação holísticaResumo
Objetivo: Avaliar a satisfação profissional em medicina geral e familiar (MGF) quanto a questões pessoais, desempenho de competências especiais requeridas, organização do trabalho, relação médico-paciente, ensino e aprendizagem, equilíbrio pessoal e fatores de insatisfação.
Métodos: Estudo observacional transversal realizado em 2021 via questionário web, especificamente construído e validado, estruturado em seis grupos sobre fatores de satisfação e um sobre insatisfação. Avaliou-se o índice de satisfação, em percentagem, pela importância relativa dos sete grupos em média ponderada. O convite para resposta foi difundido nas redes sociais específicas de médicos especialistas ou internos de MGF.
Resultados: Amostra representativa de n=343, 106 (30,9%) do género masculino e 105 internos da especialidade (30,6%) sendo, destes, 79 (75,2%) do género feminino. O grupo etário 31-40 anos foi o mais representado: 40,8%. Nos seis grupos de fatores de satisfação a média nas respostas em intervalo [1-4] foi de 3,29, sendo menor no grupo Fatores p/ equilíbrio pessoal (2,13). Em Fatores de insatisfação, a média foi de 3,36. O índice de satisfação verificou uma média global de 68,9%.
Discussão: Sem outros resultados para comparação, a média elevada em Fatores de insatisfação e baixa em Fatores para equilíbrio pessoal implicam reflexão, mesmo que em pandemia COVID-19 e em época reflexiva sobre o modelo público de prestação da MGF.
Conclusão: Os médicos de MGF gostam da sua profissão. O equilíbrio pessoal não se verifica, sendo fatores de insatisfação a carga de trabalho burocrático, o volume de trabalho, a pressão mental excessiva, o salário inadequado e o não reconhecimento pelas administrações, restantes especialidades médicas e sociedade em geral.
Downloads
Referências
Kringos DS, Boerma WG, Hutchinson A, Saltman RB. Building primary care in a changing Europe [Internet]. Copenhagen: European Observatory on Health Systems and Policies; 2015. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29035488/
Le Floch B, Bastiaens H, Le Reste JY, Lingner H, Hoffman R, Czachowski S, et al. Which positive factors give general practitioners job satisfaction and make general practice a rewarding career? A European multicentric qualitative research by the European general practice research network. BMC Fam Pract. 2019;20(1):96.
Oelke ND, Thurston WE, Dipalma R, Tink W, Mazonde JN, Mak A, et al. Understanding issues in primary care: perspectives of primary care physicians. Qual Prim Care. 2006;14(4):253-8.
Braunack-Mayer A. What makes a good GP? An empirical perspective on virtue in general practice. J Med Ethics. 2005;31(2):82-7.
O’Riordan M, Dahinden A, Aktürk Z, Bueno Ortiz JM, Dagdeviren N, Elwyn G, et al. Dealing with uncertainty in general practice: an essential skill for the general practitioner. Qual Prim Care. 2011;19(3):175-81.
Soler JK, Yaman H, Esteva M, Dobbs F, Asenova RS, Katic M, et al. Burnout in European family doctors: the EGPRN study. Fam Pract. 2008;25(4):245-65.
Wilson H. Challenges in the doctor-patient relationship: 12 tips for more effective peer group discussion. J Prim Health Care. 2015;7(3):260-3.
Rudebeck CE. Relationship based care: how general practice developed and why it is undermined within contemporary healthcare systems. Scand J Prim Health Care. 2019;37(3):335-44.
Hespanhol A, Pereira AC, Pinto AS. Insatisfação profissional em medicina geral e familiar: um problema intrínseco dos medicos ou das condições de trabalho? [Lack of professional satisfaction in general practice/family medicine: a problem of working conditions or of the doctors themselves?]. Rev Port Clin Geral. 2000;16(3):183-99. Portuguese
Martins MJ, Laíns I, Brochado B, Oliveira-Santos M, Teixeira PP, Brandão M, et al. Satisfação com a especialidade entre os internos da formação específica em Portugal [Career satisfaction of medical residents in Portugal]. Acta Med Port. 2015;28(2):209-21. Portuguese
Azevedo A, Domingues B, Moura J, Santos L. Estão os internos satisfeitos com o internato de medicina geral e familiar? [Are family medicine trainees satisfied with their training program?]. Rev Port Med Geral Fam. 2014;30(1):24-30. Portuguese
Dominique‐Ferreira S. Medição da satisfação dos profissionais de saúde: uma aplicação no Agrupamento de Centros de Saúde Feira‐Arouca [Measuring the satisfaction of health professionals: an application on the Health Centers Group of Feira‐Arouca]. Rev Port Saúde Pública. 2015;33(2):188-98. Portuguese
Hespanhol AP. Satisfação dos profissionais do Centro de Saúde São João (2007 e comparação com 2001 a 2006) [Satisfaction of professionals in the S. João Health Center from 2001 to 2007]. Rev Port Clin Geral. 2008;24(6):665-70. Portuguese
Cunha S, Gama C, Fevereiro M, Vasconcelos A, Sousa S, Neves AC, et al. A felicidade e o engagement no trabalho nos cuidados de saúde primários [Work happiness and engagement in primary health care]. Rev Port Med Geral Fam. 2018;34(1):26-32. Portuguese
Coelho I, Dias MP, Leal C, Mestrinho C, Gonçalves I. Satisfaction of general practice trainees with the teaching skills of trainers: an exploratory and regional study. Acta Med Port. 2021;34(7-8):517-22.
Graça L. Satisfação profissional dos profissionais de saúde: um imperativo também para a gestão. Rev Port Saúde Pública. 2010;28(1):3-6.
Stamps PL, Piedmont EB, Slavitt DB, Haase AM. Measurement of work satisfaction among health professionals. Med Care. 1978;16(4):337-52.
Haas JS, Cook EF, Puopolo AL, Burstin HR, Cleary PD, Brennan TA. Is the professional satisfaction of general internists associated with patient satisfaction? J Gen Intern Med. 2000;15(2):122-8.
Murray A, Montgomery JE, Chang H, Rogers WH, Inui T, Safran DG. Doctor discontent: a comparison of physician satisfaction in different delivery system settings, 1986 and 1997. J Gen Intern Med. 2001;16(7):452-9.
Bovier PA, Perneger TV. Predictors of work satisfaction among physicians. Eur J Public Health. 2003;13(4):299-305.
Organisation for Economic Cooperation and Development. Health at a glance 2019: OECD indicators [homepage]. Paris: OECD; 2019. Available from: https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/health-at-a-glance-2019_4dd50c09-en
Santiago LM, Simões JA, Vale M, Faria E, Ferreira PL, Rosendo I. Auto perceção do desempenho da medicina centrada na pessoa em medicina geral e familiar: criação de um instrumento de medição [Self-awareness of performing patient-centered medicine in general practice/family medicine: development of a measurement scale]. Acta Med Port. 2020;33(6):407-14. Portuguese
Al Juhani AM, Kishk NA. Job satisfaction among primary health care physicians and nurses in Al-madinah Al-munawwara. J Egypt Public Health Assoc. 2006;81(3-4):165-80.
Biscaia AR. A reforma dos cuidados de saúde primários e a reforma do pensamento [The reform of primary care and thought reform]. Rev Port Clin Geral. 2006;22(1):67-79. Portuguese
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Os autores concedem à RPMGF o direito exclusivo de publicar e distribuir em suporte físico, electrónico, por meio de radiodifusão ou em outros suportes que venham a existir o conteúdo do manuscrito identificado nesta declaração. Concedem ainda à RPMGF o direito a utilizar e explorar o presente manuscrito, nomeadamente para ceder, vender ou licenciar o seu conteúdo. Esta autorização é permanente e vigora a partir do momento em que o manuscrito é submetido, tem a duração máxima permitida pela legislação portuguesa ou internacional aplicável e é de âmbito mundial. Os autores declaram ainda que esta cedência é feita a título gratuito. Caso a RPMGF comunique aos autores que decidiu não publicar o seu manuscrito, a cedência exclusiva de direitos cessa de imediato.
Os autores autorizam a RPMGF (ou uma entidade por esta designada) a actuar em seu nome quando esta considerar que existe violação dos direitos de autor.