Sinal do crescente e rotura quisto de Baker na prática clínica: um relato de caso

Autores

  • Mafalda Proença-Portugal USF da Baixa, ACeS de Lisboa Central. Lisboa, Portugal. | NOVA Medical School, Universidade NOVA de Lisboa. Lisboa, Portugal.
  • Paulo Santos Correia Hospital de São José, Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal.
  • Cristiano Figueiredo USF da Baixa, ACeS de Lisboa Central. Lisboa, Portugal. | Centro de Investigação em Saúde Pública (CISP), Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal. | Comprehensive Health Research Center (CHRC), Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13715

Palavras-chave:

Quisto poplíteo, Edema, Ecografia, Tratamento conservador, Caso clínico

Resumo

Introdução: O quisto de Baker, também conhecido por sinovial poplíteo, é o quisto mais frequentemente encontrado na articulação do joelho. Quando sintomático, o quisto de Baker apresenta-se de forma indolente como desconforto na fossa poplítea e uma formação oval palpável. Contudo, a rotura do quisto de Baker traduz-se por uma clínica aguda de dor e edema do joelho e da região gemelar. Este relato de caso pretende alertar o médico de família para esta entidade diagnóstica, para importantes achados clínicos e para os diagnósticos diferenciais a ter em conta, de forma a orientar corretamente estes doentes.

Descrição do caso: O presente caso clínico descreve um homem de 46 anos que se apresentou no serviço de urgência com dor, edema e equimose do membro inferior direito. O diagnóstico final foi o de quisto de Baker roto que foi orientado de forma conservadora. O diagnóstico diferencial principal foi o de trombose venosa profunda (TVP).

Comentário: A rotura do quisto de Baker é uma das complicações deste quisto poplíteo, sendo mais prevalente em doentes com patologia inflamatória do joelho. Ao exame objetivo, a rotura do quisto de Baker pode apresentar-se por edema, dor e equimose do MI (sinal do crescente). Assim, a sua apresentação pode assemelhar-se à clínica da TVP, pelo que a rotura de quisto de Baker é também conhecida por pseudotromboflebite. Apesar de raro, o sinal do crescente não surge na TVP, pelo que este apoia o diagnóstico de rotura recente de quisto de Baker. Este relato de caso vem realçar a importância da suspeição clínica para a rotura do quisto de Baker em doentes que se apresentam com dor e edema unilateral do MI, sobretudo na presença de achados como o sinal do crescente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Herman AM, Marzo JM. Popliteal cysts: a current review. Orthopedics. 2014;37(8):678-84.

Johnson LL, van Dyk GE, Johnson CA, Bays BM, Gully SM. The popliteal bursa (Baker’s cyst): an arthroscopic perspective and the epidemiology. Arthroscopy. 1997;13(1):66-72.

Sansone V, de Ponti A, Paluello GM, del Maschio A. Popliteal cysts and associated disorders of the knee: critical review with MR imaging. Int Orthop. 1995;19(5):275-9.

Macfarlane DG, Bacon PA. Popliteal cyst rupture in normal knee joints. Br Med J. 1980;281(6249):1203-4.

Sanchez JE, Conkling N, Labropoulos N. Compression syndromes of the popliteal neurovascular bundle due to Baker cyst. J Vasc Surg. 2011;54(6):1821-9.

Ozgocmen S, Kaya A, Kocakoc E, Kamanli A, Ardicoglu O, Ozkurt-Zengin F. Rupture of Baker’s cyst producing pseudothrombophlebitis in a patient with Reiter’s syndrome. Kaohsiung J Med Sci. 2004;20(12):600-3.

Liao ST, Chiou CS, Chang CC. Pathology associated to the Baker’s cysts: a musculoskeletal ultrasound study. Clin Rheumatol. 2010;29(9):1043-7.

Berkun Y, Sade K, Naparstek Y. A man with swollen calf and discoloration of the foot. Postgrad Med J. 2002;78(919):300,304.

Ahn SE, Jin W, Park SY, Kim KI, Park JS, Ryu KN. Determination of the factors influencing rupture of Baker’s cysts in the knee on plain radiographs and MRI. J Korean Soc Magn Reson Med. 2012;16(3):217-25.

Bansal K, Gupta A. Ruptured Baker’s cyst: a diagnostic dilemma. Cureus. 2021;13(10):e18501.

Thomas J, Edward T. Ruptured Baker’s cyst simulating acute thrombophlebitis. 2015;(1).

Tibbutt DA, Gunning AJ. Calf haematoma: a new sign in differential diagnosis from deep vein thrombosis. Br Med J. 1974;4(5938):204.

Kraag G, Thevathasan EM, Gordon DA, Walker IH. The hemorrhagic crescent sign of acute synovial rupture. Ann Intern Med. 1976;85(4):477-8.

Helbich TH, Breitenseher M, Trattnig S, Nehrer S, Erlacher L, Kainberger F. Sonomorphologic variants of popliteal cysts. J Clin Ultrasound. 1998;26(3):171-6.

Handy JR. Popliteal cysts in adults: a review. Semin Arthritis Rheum. 2001;31(2):108-18.

Von Schroeder HP, Ameli FM, Piazza D, Lossing AG. Ruptured Baker’s cyst causes ecchymosis of the foot: a differential clinical sign. J Bone Joint Surg Br. 1993;75(2):316-7.

McEntegart A, Capell HA, Creran D, Rumley A, Woodward M, Lowe GD. Cardiovascular risk factors, including thrombotic variables, in a population with rheumatoid arthritis. Rheumatology. 2001;40(6):640-4.

Hamlet M, Galanopoulos I, Mahale A, Ashwood N. Ruptured Baker’s cyst with compartment syndrome: an extremely unusual complication. BMJ Case Rep. 2012;2012:bcr2012007901.

Simel DL, Rennie D, editors. The rational clinical examination: evidence-based clinical diagnosis. Vol. 23. McGraw-Hill Education; 2009. ISBN 9780071590303.

Drescher MJ, Smally AJ. Thrombophlebitis and pseudothrombophlebitis in the ED. Am J Emerg Med. 1997;15(7):683-5.

Downloads

Publicado

2023-12-22

Como Citar

Proença-Portugal, M., Paulo Santos Correia, & Cristiano Figueiredo. (2023). Sinal do crescente e rotura quisto de Baker na prática clínica: um relato de caso. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 596–600. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13715