Razões para a falta a consultas médicas em unidades de medicina geral e familiar: um estudo transversal

Autores

  • Ana Carvalhais Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0000-0002-4335-7259
  • João Pestana USF Topázio, ULS Coimbra. Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0000-0003-3522-8809
  • Luiz Miguel Santiago Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i1.13741

Palavras-chave:

Cuidados de saúde primários, Falta a consultas, Medicina geral e familiar

Resumo

Introdução: A informação sobre faltas às consultas de medicina geral e familiar (MGF) é escassa em Portugal.

Objetivos: Estudar os motivos de falta a consultas de MGF em três Unidades de Saúde Familiar no centro de Portugal, em 2022, segundo as variáveis de contexto sexo, grupo etário, índice de Graffar, tempo decorrido desde a marcação e slot horário da consulta.

Métodos: Estudo observacional transversal no centro de Portugal, realizado após parecer positivo da Comissão de Ética, com recolha, em anonimato, dos dados de utentes com consulta agendada e não realizada de maio a julho de 2022, através de entrevista telefónica efetuada por um médico interno de MGF de cada unidade, no mês de agosto. Após introdução, garantido o anonimato, era questionado há quanto tempo tinha realizado o agendamento e o motivo da falta à consulta.

Resultados: Foram contactados 617 utentes que faltaram nos meses de maio a julho de 2022, tendo-se obtido 455 (73,7%) respostas. Os motivos mais frequentes foram esquecimento (27,6%), dificuldades de transporte e problema já solucionado (8,9% para cada) e “julgar o motivo já não merecer consulta” (8,1%). Em função das variáveis de contexto verificou-se diferença significativa para “há quanto tempo tinha marcado a consulta” (p<0,001) e não significativa para sexo (p=0,721), grupo etário (p=0,765), índice de Graffar (p=0,084) e slot horário (p=0,084). O grupo “outros motivos” teve prevalência de 42,8%, revelando diferença não significativa para as variáveis consideradas.

Discussão: A compreensão das razões para a falta à consulta agendada implica a verificação das razões pelo utente, permitindo ao prestador adotar atitudes pró-ativas para a resolução do acesso.

Conclusão: O esquecimento, as dificuldades de transporte e o problema já ter sido solucionado foram os motivos de falta a consultas mais frequentes na população em estudo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Neal RD, Lawlor DA, Allgar V, Colledge M, Ali S, Hassey A, et al. Missed appointments in general practice: retrospective data analysis from four practices. Br J Gen Pract. 2001;51(471):830-2.

George A, Rubin G. Non-attendance in general practice: a systematic review and its implications for access to primary health care. Fam Pract. 2003;20(2):178-84.

Ellis DA, McQueenie R, McConnachie A, Wilson P, Williamson AE. Demographic and practice factors predicting repeated non-attendance in primary care: a national retrospective cohort analysis. Lancet Public Health. 2017;2(12):e551-9.

Campbell K, Millard A, McCartney G, McCullough S. Who is least likely to attend? An analysis of outpatient appointment ‘Did Not Attend’ (DNA) data in Scotland [Internet]. Edinburgh: NHS Health Scotland; 2015. Available from: https://www.healthscotland.scot/media/1131/5317_dna-analysis_national.pdf

Margham T, Williams C, Steadman J, Hull S. Reducing missed appointments in general practice: evaluation of a quality improvement programme in East London. Br J Gen Pract. 2021;71(702):e31-8.

Martin C, Perfect T, Mantle G. Non-attendance in primary care: the views of patients and practices on its causes, impact and solutions. Fam Pract. 2005;22(6):638-43.

Ullah S, Rajan S, Liu T, Demagistris E, Jahrstorfer R, Anandan S, et al. Why do patients miss their appointments at primary care clinics? J Fam Med Dis Prev. 2018;4(3):090.

Reis FA. Não comparência a consultas médicas, sua caracterização e implicações no acesso aos cuidados de saúde: uma revisão da literatura [dissertation]. Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar; 2020.

Hwang AS, Atlas SJ, Cronin P, Ashburner JM, Shah SJ, He W, et al. Appointment “no-shows” are an independent predictor of subsequent quality of care and resource utilization outcomes. J Gen Intern Med. 2015;30(10):1426-33.

Sharp DJ, Hamilton W. Non-attendance at general practices and outpatient clinics. BMJ. 2001;323(7321):1081-2.

Prazeres F, Santiago L. Prevalence of multimorbidity in the adult population attending primary care in Portugal: a cross-sectional study. BMJ Open. 2015;5(9):e009287.

Downloads

Publicado

28-02-2024

Como Citar

Razões para a falta a consultas médicas em unidades de medicina geral e familiar: um estudo transversal. (2024). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 40(1), 49-56. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i1.13741

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 > >>