Profundidade da relação médico-doente: escala para autoavaliação da perspetiva do médico

Autores

  • Beatriz Moutinho Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra https://orcid.org/0009-0002-6744-9577
  • Luiz Miguel Santiago Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra USF Topázio, ACES Baixo Mondego http://orcid.org/0000-0002-9343-2827
  • José Augusto Simões Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar, Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra https://orcid.org/0000-0003-2264-7086

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i4.13787

Palavras-chave:

Autoavaliação, Medicina centrada na pessoa, Medicina geral e familiar, Relação médico-doente

Resumo

Introdução: A relação médico-doente, baseada em confiança e partilha de responsabilidades, origina maior satisfação e tem impacto positivo no prognóstico. Esta relação deve ser estudada pelo prisma do médico de medicina geral e familiar (MGF).

Objetivos: Proceder à adaptação cultural e validação concorrente da escala de avaliação da Profundidade da Relação Médico-Doente (PDDR) com a escala de Medicina Centrada na Pessoa (MCP-PT) na perspetiva do médico.

Métodos: Após adaptação cultural, pela tradução para português europeu e modificação das questões da escala PDDR para incidirem sobre a perspetiva do médico, aplicou-se o questionário, por escrito e oralmente, a uma amostra de conveniência de médicos de MGF para estudo da fiabilidade. A validação concorrente com a escala MCP-PT para o médico foi feita por estudo observacional transversal, aplicando ambas a médicos internos e especialistas de MGF da região Centro. Foi realizada estatística descritiva e inferencial, considerando-se para diferença significativa o valor de p<0,05.

Resultados: A escala PDDR demonstrou boa consistência interna nos dois tempos de aplicação (α=0,840 e α=0,889) e correlação positiva e moderada com a escala MCP-PT para o médico (ρ=0,458, p<0,001). A pontuação média foi de 21,8±5,5 pontos [0 a 32], com 36,7% abaixo do percentil 33 (PDDR≤20), 42,2% acima do percentil 67 (PDDR≥24) e 4,4% dos médicos a pontuar o máximo (PDDR=32). Encontraram-se diferenças significativas entre grupos etários (p=0,004), posições na carreira (p=0,011) e regularidade do seguimento do doente (p=0,018), mas não para as variáveis sexo e tipo de consulta.

Discussão e Conclusão: A escala PDDR para o médico demonstrou ser um instrumento com boa consistência interna, fiável, válido e de preenchimento rápido para avaliação da profundidade da relação médico-doente segundo a perspetiva do médico em consulta de MGF.

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Biografia do Autor

  • Luiz Miguel Santiago, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra USF Topázio, ACES Baixo Mondego

    Luiz Miguel de Mendonça Soares Santiago é Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra desde 1979, Mestre em Saúde Pública pela Universidade de Coimbra desde 2006 e Doutorado por unanimidade com distinção e louvor, pela Universidade de Coimbra, na Especialidade de Sociologia Médica, ramo de Medicina Preventiva e Comunitária desde 11/11/2009.

    É desde1/7/2017 Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, regendo as Unidades Curriculares de MISP IV, 3º Ano e de Medicina Geral e Familiar, 5º Ano.

    Desde 30 de Janeiro de 2018 tem o título de "Agregado".

    Médico, especialista em Medicina Geral e Familiar, é Consultor com o Grau de Assistente Graduado Sénior da Carreira de Medicina Geral e Familiar desde 2002, sendo orientador no Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar desde 2006, tendo exercido na Unidade de Saúde Familiar Topázio em Coimbra, onde ainda continua actividade clínica, agora reduzida.

    Professor Associado Convidado da Universidade da Beira Interior, onde é regente das cadeiras de CSP I, II e III entre 2011 e 2017.

    Desde 2014 até 2017 foi Professor Adjunto Convidado da Coimbra Health Scholl lecionando Patologia Geral.   

    Membro da Academia Europeia de Professores em Medicina Geral e Familiar (EURACT) é orientador de Teses de Mestrado Integrado e de Mestrado Pré-Bolonha bem como de Doutoramento, na Universidade de Coimbra (2) e na Universidade da Beira Interior (6).

    É membro da Comissão de Ética da ARS do Centro.

    Tem vasta bibliografia publicada individualmente e em co-autoria em revistas nacionais e internacionais com “revisores-par” e indexadas (27 artigos).

    Desde março de 2017 é membro investigador do CEISUC, FEUC.

    Em Novembro de 2017 é eleito sócio correspondente da Academia Nacional de Medicina.

    Aguarda a marcação de Provas de Agregação a serem prestadas na Universidade da Beira Interior.

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Publicado

16-09-2024

Como Citar

Profundidade da relação médico-doente: escala para autoavaliação da perspetiva do médico. (2024). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 40(4), 328-37. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i4.13787

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