Adaptação cultural e validação de Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire (MTBQ) para português europeu

Autores

  • Catarina Brandão MD. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0009-0006-4211-2168
  • Luiz Miguel Santiago Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra USF Topázio, ACES Baixo Mondego http://orcid.org/0000-0002-9343-2827
  • José Augusto Simões MD, PhD. Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0000-0003-2264-7086

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13793

Palavras-chave:

Multimorbilidade, Sobrecarga terapêutica, Socio-economia, Medicina geral e familiar

Resumo

Objetivo: Realizar a adaptação cultural e validação convergente da versão em português europeu da escala Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire.

Método: Após autorização do autor original realizou-se tradução, verificação da mais adaptada tradução e retro-tradução. Seguiu-se estudo observacional transversal em amostra de conveniência de pessoas com multimorbilidade (MM) pela aplicação da versão portuguesa, denominada Sobrecarga Terapêutica pela Multimorbilidade (STPM), com aplicação em dois momentos distintos. Obtiveram-se consentimento informado e informações de contexto dos respondentes como sexo, número autorrelatado de doenças e o Socio-Economic Deprivation Index (SEDI). Realizou-se estatística descritiva, inferencial e fatorial.

Resultados: Numa amostra de 100 pessoas, 63% mulheres, a STPM mostrou boa confiabilidade (α=0,742) e correlação muito forte e significativa (ρ=0,916, p<0,001) entre os dois tempos de resposta. Na análise fatorial, três componentes representaram 58,3% da variância total. Verificou-se correlação negativa, muito fraca e não significativa (ρ=-0,117, p=0,246) entre o somatório do questionário e o valor de SEDI. O valor de STPM não variou significativamente segundo sexo (p=0,750), grupo etário (p=0,853), contexto familiar (p=0,745), nível de escolaridade (p=0,340) e rendimento mensal médio (p=0,177). Foi significativamente diferente a pontuação total STPM segundo o número de doenças, duas a quatro doenças 15,1±5,9 e mais do que quatro doenças 22,2±7,6, p<0,001.

Discussão: A inexistência de instrumento em português europeu que permitisse saber as dificuldades terapêuticas de quem sofre de MM, sendo considerada importante, originou o presente trabalho. Permitirá ajudar a perceber alguns maus resultados.

Conclusão: A versão portuguesa do questionário MTBQ é uma ferramenta útil, confiável e fiável, de curto tempo de resposta, de fácil compreensão independentemente do sexo, idade e nível de escolaridade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Luiz Miguel Santiago, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Clínica Universitária de Medicina Geral e Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra USF Topázio, ACES Baixo Mondego

    Luiz Miguel de Mendonça Soares Santiago é Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra desde 1979, Mestre em Saúde Pública pela Universidade de Coimbra desde 2006 e Doutorado por unanimidade com distinção e louvor, pela Universidade de Coimbra, na Especialidade de Sociologia Médica, ramo de Medicina Preventiva e Comunitária desde 11/11/2009.

    É desde1/7/2017 Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, regendo as Unidades Curriculares de MISP IV, 3º Ano e de Medicina Geral e Familiar, 5º Ano.

    Desde 30 de Janeiro de 2018 tem o título de "Agregado".

    Médico, especialista em Medicina Geral e Familiar, é Consultor com o Grau de Assistente Graduado Sénior da Carreira de Medicina Geral e Familiar desde 2002, sendo orientador no Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar desde 2006, tendo exercido na Unidade de Saúde Familiar Topázio em Coimbra, onde ainda continua actividade clínica, agora reduzida.

    Professor Associado Convidado da Universidade da Beira Interior, onde é regente das cadeiras de CSP I, II e III entre 2011 e 2017.

    Desde 2014 até 2017 foi Professor Adjunto Convidado da Coimbra Health Scholl lecionando Patologia Geral.   

    Membro da Academia Europeia de Professores em Medicina Geral e Familiar (EURACT) é orientador de Teses de Mestrado Integrado e de Mestrado Pré-Bolonha bem como de Doutoramento, na Universidade de Coimbra (2) e na Universidade da Beira Interior (6).

    É membro da Comissão de Ética da ARS do Centro.

    Tem vasta bibliografia publicada individualmente e em co-autoria em revistas nacionais e internacionais com “revisores-par” e indexadas (27 artigos).

    Desde março de 2017 é membro investigador do CEISUC, FEUC.

    Em Novembro de 2017 é eleito sócio correspondente da Academia Nacional de Medicina.

    Aguarda a marcação de Provas de Agregação a serem prestadas na Universidade da Beira Interior.

Referências

Santos P, Sá AB, Santiago L, Hespanhol A. A árvore da WONCA: tradução e adaptação cultural para português [The WONCA tree: Portuguese translation and cultural adaptation]. Rev Port Med Geral Fam. 2021;37(1):28-35. Portuguese

Prazeres F, Santiago LM, Simões JA. Defining multimorbidity: from English to Portuguese using a Delphi technique. Biomed Res Int. 2015;2015:965025.

Prazeres F, Santiago LM, Pereira PM, Santos PM, Cortinhal T. Multimorbilidade em medicina geral e familiar: construção e validação do Questionário de Avaliação da Sobrecarga da Gestão da Multimorbilidade em Medicina Geral e Familiar (SoGeMM-MGF) [Multimorbidity in general and family medicine: construction and validation of the Questionnaire of Evaluation of Burden of Management of Multimorbidity in General and Family Medicine]. Gaz Med. 2019;6(4):221-7. Portuguese

Palladino R, Lee JT, Ashworth M, Triassi M, Millett C. Associations between multimorbidity, healthcare utilisation and health status: evidence from 16 European countries. Age Ageing. 2016;45(3):431-5.

Romana GQ, Kislaya I, Salvador MR, Gonçalves SC, Nunes B, Dias C. Multimorbilidade em Portugal: dados do Primeiro Inquérito Nacional de Saúde com exame físico [Multimorbidity in Portugal: results from the First National Health Examination Survey]. Acta Med Port. 2019;32(1):30-7. Portuguese

Glynn LG, Valderas JM, Healy P, Burke E, Newell J, Gillespie P, et al. The prevalence of multimorbidity in primary care and its effect on health care utilization and cost. Fam Pract. 2011;28(5):516-23.

Salisbury C, Johnson L, Purdy S, Valderas JM, Montgomery AA. Epidemiology and impact of multimorbidity in primary care: a retrospective cohort study. Br J Gen Pract. 2011;61(582):e12-21.

Prazeres F, Santiago L. Relationship between health-related quality of life, perceived family support and unmet health needs in adult patients with multimorbidity attending primary care in Portugal: a multicentre cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2016;14(1):156.

Van Oostrom SH, Picavet HS, de Bruin SR, Stirbu I, Korevaar JC, Schellevis FG, et al. Multimorbidity of chronic diseases and health care utilization in general practice. BMC Fam Pract. 2014;15:61.

Wang Z, Peng W, Li M, Li X, Yang T, Li C, et al. Association between multimorbidity patterns and disability among older people covered by long-term care insurance in Shanghai, China. BMC Public Health. 2021;21(1):418.

Koller D, Schön G, Schäfer I, Glaeske G, van den Bussche H, Hansen H. Multimorbidity and long-term care dependency: a five-year follow-up. BMC Geriatr. 2014;14:70.

Laan W, Bleijenberg N, Drubbel I, Numans ME, de Wit NJ, Schuurmans MJ. Factors associated with increasing functional decline in multimorbid independently living older people. Maturitas. 2013;75(3):276-81.

Duncan P, Murphy M, Man MS, Chaplin K, Gaunt D, Salisbury C. Development and validation of the multimorbidity treatment burden questionnaire (MTBQ). BMJ Open. 2018;8(4):e019413.

Pedersen MH, Duncan P, Lasgaard M, Friis K, Salisbury C, Larsen FB. Danish validation of the Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire (MTBQ) and findings from a population health survey: a mixed-methods study. BMJ Open. 2022;12(1):e055276.

Dou L, Huang J, Duncan P, Guo L. Translation, cultural adaptation and validation of the Chinese Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire (C-MTBQ): a study of older hospital patients. Health Qual Life Outcomes. 2020;18(1):194.

Schulze J, Breckner A, Duncan P, Scherer M, Pohontsch NJ, Lühmann D. Adaptation and validation of a German version of the Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire. Health Qual Life Outcomes. 2022;20(1):90.

Santos MI. O doente com patologia múltipla em medicina geral e familiar: comorbilidade de 4 doenças crónicas [dissertation]. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa; 2005. Available from: http://hdl.handle.net/10362/5479

Santos I. O desafio da comorbilidade para os serviços de saúde [The challenge of comorbidity for health services]. Rev Port Clin Geral. 2006;22(2):191-4. Portuguese

Herzig L, Zeller A, Pasquier J, Streit S, Neuner-Jehle S, Excoffier S, et al. Factors associated with patients’ and GPS’ assessment of the burden of treatment in multimorbid patients: a cross-sectional study in primary care. BMC Fam Pract. 2019;20(1):88.

Downloads

Publicado

22-12-2023

Como Citar

Adaptação cultural e validação de Multimorbidity Treatment Burden Questionnaire (MTBQ) para português europeu. (2023). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(6), 504-11. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13793

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 > >>