Associação entre um anticoncecional oral combinado e o eritema nodoso: um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i2.13844Palavras-chave:
Eritema nodoso, Contraceção hormonal, Prednisolona, Caso clínicoResumo
Introdução: O eritema nodoso é uma doença rara cuja fisiopatologia assenta numa resposta de hipersensibilidade tardia do tipo 4 e o seu modo de apresentação mais comum é sob a forma de nódulos e placas cutâneas bilaterais e simétricas, afetando predominantemente a região pré-tibial. Apesar da etiologia idiopática ainda ser bastante frequente, perto de metade dos casos são de etiologia secundária, estando os anticoncecionais orais entre os fármacos mais associados a esta entidade e sendo descrita esta relação causal para um número crescente de associações estroprogestativas. Descreve-se um caso raro de eritema nodoso secundário à associação de etinilestradiol 0,03mg + levonorgestrel 0,15mg.
Descrição do caso: Relata-se o caso de uma mulher de 20 anos, que desenvolveu nódulos dolorosos na região pré-tibial do membro inferior direito, relacionando com o início da toma da associação de etinilestradiol 0,03mg e levonorgestrel 0,15mg. A utente descreve as lesões como sendo já crónicas, embora nunca tenha procurado cuidados médicos no passado. Após investigação mais aprofundada da história clínica e suspeição da relação causal entre o fármaco e o aparecimento das lesões compatíveis com um eritema nodoso optou-se por suspender o mesmo e iniciar prednisolona 20mg/dia, tendo a utente evoluído no sentido da resolução clínica. Após discussão das opções terapêuticas existentes, a utente optou pela colocação de ImplanonÒ.
Conclusão: Na literatura é cada vez mais relatada a relação causal entre a toma de contracetivos orais, não só do tipo combinado como também do tipo isolado, e o aparecimento de eritema nodoso. Esta relação é rara e complexa. Perante um quadro de nódulos dolorosos dever-se-á considerar a hipótese de se tratar de um caso de eritema nodoso, estando atentos a potenciais triggers – caso dos contracetivos orais combinados. Nestes casos dever-se-á explicar à utente quais as suas opções, não sendo a suspensão terapêutica o único caminho a seguir.
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