O ato médico como interação simbólica
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i6.12060Palabras clave:
relação médico-doente, comunicação não-verbal, ética clínicaResumen
Introdução
Este relato de caso convida à reflexão do ato médico como encontro social. A abordagem deste objeto empírico baseia-se na teoria interacionista simbólica e na teoria da ética. Do interacionismo simbólico são adotados os conceitos de papel social, plateia, ordem da interação e responsabilidade pessoal. Da teoria da ética são adotadas a ética deontológica, virtualista e procedimental.
Este caso evidencia que o sucesso clínico pode dever-se à eficácia do processo interativo simbólico desenvolvido no encontro médico-doente.
Descrição do caso
Adolescente do sexo feminino recorreu ao Serviço de Urgência (SU), acompanhada pela sua mãe, por episódio de lipotimia. Nos últimos dois meses, teria tido quatro episódios semelhantes, tendo já recorrido ao SU pelo mesmo motivo. O exame objetivo e o estudo complementar revelaram-se normais. No decorrer da consulta, a adolescente transmitiu sinais de ansiedade, a qual parecia desajustada ao contexto clínico, indiciando causa não revelada. Solicitou-se à mãe que saísse do consultório e, a sós com a adolescente, questionou-se se estava com algum problema na sua vida, sublinhado a importância da verdade na relação médico-doente. Após alguma hesitação, desabafou que tinha namorado, relação que a mãe desconhecia, com o qual tinha relações sexuais desprotegidas. Referiu estar em amenorreia desde há dois meses, o que muito a preocupava devido à possibilidade de estar grávida. Realizou-se teste de gravidez, cujo resultado foi negativo e recomendou-se que revelasse à mãe aquela relação afetiva. No final da consulta, foi reforçada a importância das relações sexualmente protegidas e contactou-se a sua Médica de Família que agendou consulta de planeamento familiar.
Comentário
Este caso clínico reconhece a importância do interacionismo simbólico no sucesso do ato médico. Explora os papeis sociais desempenhados pelos intervenientes do encontro clínico e reconhece a importância da leitura de signos não verbais em contexto de ambiguidade e de incerteza por omissão de informação pelo doente.
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