HIPOPARATIROIDISMO IATROGÉNICO: Um desafio a vários níveis
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v35i4.12067Resumen
Introdução:
O médico de família (MF) é frequentemente confrontado com alterações clínicas pós-operatórias. O hipoparatiroidismo, principal complicação da tiroidectomia total, apresenta um amplo espetro clínico, sendo desafiante o seu tratamento e seguimento.
Descrição do caso:
Mulher, 70 anos, analfabeta, submetida a tiroidectomia total e paratiroidectomia superior direita em Março/2010. Ainda no internamento, inicia parestesias periorais e dos membros, secundárias a hipocalcemia, que revertem após um dia. No último dia de internamento, a calcemia é normal e a nota de alta é omissa relativamente à suplementação. No próprio dia da alta, a utente recorre ao serviço de urgência (SU) por reaparecimento das queixas. É medicada com cálcio oral e reavaliada clinicamente, no SU, após uma semana. Nessa reavaliação, por manter hipocalcemia, prossegue suplementação. Dezoito dias pós-cirurgia, a utente entrega à MF apenas a carta do internamento porque, na urgência, nunca foi fornecida qualquer informação escrita. Na consulta hospitalar, um mês após a cirurgia, não há registo de hipoparatiroidismo. Em Março/2011, a utente refere à MF parestesias esporádicas que foram medicadas com magnésio. Em 2012, após mudança de MF e revisão dos antecedentes, realiza estudo analítico dirigido sendo detetada hipocalcemia e reinstituída suplementação por três meses. Um ano depois, a utente sofre episódio de “mãos em garra”. Novamente perante hipocalcemia, faz suplementação no SU, com indicação apenas verbal de continuar em ambulatório. Três meses depois, a utente informa a MF deste episódio, a qual decide realizar reavaliações clínicas e analíticas periódicas e específicas, com o devido tratamento em conformidade. Desde então, a utente permanece assintomática.
Comentário:
É essencial a articulação eficaz entre MF e Hospital, bem como a revisão periódica da medicação (especialmente se analfabetismo), além da adequada valorização clínica. O seguimento desta entidade é complexo, implicando correção dos fatores que influenciam os níveis de cálcio, sob pena do tratamento permanecer ineficaz.
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