Síndroma ARCAPA: o papel do médico de família na gestão de uma doença rara
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i1.13470Palabras clave:
ARCAPA, Malformações cardíacas congénitas, Cuidados centrados no doente, Cuidados de saúde primários, Relato de casoResumen
Introdução: A síndroma ARCAPA (origem anómala da artéria coronária direita a partir da artéria pulmonar) é uma cardiopatia congénita rara. Pode cursar com enfarte agudo do miocárdio ou morte súbita, embora a maioria dos doentes não apresente sintomas, sendo o diagnóstico realizado acidentalmente. O médico de família (MF) é o profissional que melhor pode compreender a perspetiva do utente face à doença, integrando-a no seu contexto biopsicossocial.
Descrição: Sexo masculino, 48 anos. Antecedentes de perturbação da ansiedade generalizada. Praticante regular de exercício físico de alta intensidade. Em fevereiro/2019, por intercorrência febril e suspeita de pneumonia, realizou TC-tórax, que revelou “ectasias vasculares pericárdicas extensas”, tendo sido referenciado à consulta de cardiologia pelo MF. Realizou angioTC, que evidenciou “síndrome ARCAPA”. Encontrava-se assintomático do ponto de vista cardiovascular. Pelo risco de morte súbita foi proposta cirurgia e recomendada a suspensão do exercício físico. A descoberta acidental desta síndroma, numa fase de ausência de sintomas, gerou sentimentos de incompreensão no doente, agudizando a patologia ansiosa. Através de uma abordagem centrada na pessoa, o MF procurou compreender as expectativas, sentimentos e medos do doente, bem como envolver a família na tomada de decisão. O doente, por sua iniciativa, manteve a prática de exercício, afirmando que a suspensão iria contribuir negativamente para a sua saúde mental. Rejeitou também a proposta cirúrgica. Atualmente mantém consultas de seguimento regulares com o MF e cardiologista para vigilância de sintomas.
Comentário Para além da sua raridade, o caso descrito reflete a importância da prática de uma medicina centrada na pessoa, sobretudo após o diagnóstico de uma patologia grave, com tamanho impacto na vida do doente. É fulcral que o MF tenha o conhecimento científico necessário para a gestão da doença e que a integre no contexto psicossocial e familiar do utente, aconselhando-o e apoiando-o na partilha das suas decisões.
Descargas
Referencias
Teng P, Li W, Ni Y. Surgical treatment for anomalous origin of the right coronary artery from the pulmonary artery: a case report with five-year follow-up. J Cardiothorac Surg. 2021;16(1):3.
Balakrishna P, Illovsky M, Al-Saghir YM, Minhas AM. Anomalous origin of right coronary artery originating from the pulmonary trunk (ARCAPA): an incidental finding in a patient presenting with chest pain. Cureus. 2017;9(4):e1172.
Parasramka S, Dufresne A. Anomalous origin of right coronary artery from pulmonary artery presenting as chest pain in a young man. J Cardiol Cases. 2012;5(1):e20-e2.
Silva A, Baptista MJ, Araújo E. Anomalias congénitas das artérias coronárias [Congenital coronary artery anomalies]. Rev Port Cardiol. 2018;37(4):341-50. Portuguese
Mishra A. Surgical management of anomalous origin of coronary artery from pulmonary artery. Indian J Thorac Cardiovasc Surg. 2021;37(Suppl 1):131-43.
Guenther TM, Sherazee EA, Wisneski AD, Gustafson JD, Wozniak CJ, Raff GW. Anomalous origin of the right coronary artery from the pulmonary artery: a systematic review. Ann Thoracic Surg. 2020;110(3):1063-71.
Wu LP, Zhang YQ, Chen LJ, Liu YQ. Diagnosis of anomalous origin of the right coronary artery from the pulmonary artery by echocardiography. J Med Ultrason. 2019;46(3):335-41.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Los autores otorgan a RPMGF el derecho exclusivo de publicar y distribuir en medios físicos, electrónicos, de radiodifusión u otros medios que pueda existir el contenido del manuscrito identificado en esta declaración. También otorgan a RPMGF el derecho de usar y explorar el presente manuscrito, es decir, de ceder, vender o licenciar su contenido. Esta autorización es permanente y entra en vigor desde el momento en que se envía el manuscrito, tiene la duración máxima permitida por la legislación portuguesa o internacional aplicable y tiene un alcance mundial. Los autores declaran además que esta transferencia se realiza de forma gratuita. Si la RPMGF informa a los autores que ha decidido no publicar su manuscrito, la cesión exclusiva de derechos cesa inmediatamente.
Los autores autorizan a RPMGF (oa una entidad que éste designe) a actuar en su nombre cuando considere que existe una infracción a los derechos de autor.