Vaginose citolítica: relato de caso

Autores/as

  • Bárbara Mendes Pereira Médica Assistente de Medicina Geral e Familiar. USF d’As Terras de Lanhoso. Póvoa de Lanhoso, Portugal.
  • Sofia Vale Médica Interna de Medicina Geral e Familiar. USF d’As Terras de Lanhoso. Póvoa de Lanhoso, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i4.13543

Palabras clave:

Vaginose citolítica, Candidíase vaginal, Corrimento vaginal, Relato de caso

Resumen

Introdução: A flora vaginal é constituída por diferentes microorganismos que promovem uma interação equilibrada entre o microbioma vaginal, estado hormonal, produtos do metabolismo microbiano e resposta imune do hospedeiro. A instabilidade do ecossistema vaginal pode levar a vulvovaginites, que são um motivo de consulta frequente nos cuidados de saúde primários, sendo a vaginose bacteriana, candidíase vaginal e tricomoníase responsáveis pela maioria dos diagnósticos.  Existem outras patologias com apresentações semelhantes que, por serem menos frequentes, não são ponderadas e resultam em diagnósticos e tratamentos errados como a vaginose citolítica.

Descrição do caso: Mulher de 20 anos de idade, com queixas de corrimento vaginal abundante, necessidade de uso de penso diário, prurido e alteração de odor com um mês de evolução. Ao exame objetivo destaca-se a ruborização dos lábios externos e introito vaginal, corrimento mucoso abundante, não aderente, não arejado e sem cheiro. É efetuada citologia cervico-vaginal em lâmina, que apresentava inflamação e foi negativa para lesão intraepitelial ou malignidade. Foi pedida cultura de exsudado vaginal, que apresentava abundantes células epiteliais e numerosos bacilos de Doderlein. Tendo em conta o quadro apresentado foi assumido como diagnóstico mais provável vaginose citolítica. Foram dadas recomendações e prescritos banhos de assento com bicarbonato de sódio, tendo a utente ficado assintomática.

Comentário: Perante uma doente com sintomas de corrimento vaginal e prurido, a primeira hipótese diagnóstica deverá considerar a prevalência das infeções vulvovaginais mais frequentes. Contudo, a cultura do exsudado permitiu excluir a presença de bactérias, fungos e parasitas. A sintomatologia apresentada pela doente e os achados do exame físico são característicos da vaginose citolítica. A cultura do exsudado corroborou a suspeita, sendo feito o diagnóstico e o tratamento adequados. Com este caso pretende-se alertar os clínicos para a existência desta patologia, que pode muitas vezes passar despercebida, comprometendo a saúde da mulher.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Referencias

Andrist LC. Vaginal health and infections. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2001;30(3):306-15.

Soares R, Vieira-Baptista P, Tavares S. Vaginose citolítica: uma entidade subdiagnosticada que mimetiza a candidíase vaginal [Cytolytic vaginosis: an underdiagnosed pathology that mimics vulvovaginal candidiasis]. Acta Obstet Ginecol Port. 2017;11(2):106-12. Portuguese

Cibley LJ, Cibley LJ. Cytolytic vaginosis. Am J Obstet Gynecol. 1991;165(4 Pt 2):1245-9.

Hutti MH, Hoffman C. Cytolytic vaginosis: an overlooked cause of cyclic vaginal itching and burning. J Am Acad Nurse Pract. 2000;12(2):55-7.

Farage MA, Miller KW, Sobel JD. Dynamics of the vaginal ecosystem: hormonal influences. Infect Dis Res Treat. 2010;3.

Hanson L, VandeVusse L, Jermé M, Abad CL, Safdar N. Probiotics for treatment and prevention of urogenital infections in women: a systematic review. J Midwifery Womens Health. 2016;61(3):339-55.

Osset J, García E, Bartolomé RM, Andreu A. Papel de Lactobacillus como factor protector de la candidiasis vaginal [Role of Lactobacillus as protector against vaginal candidiasis]. Med Clin. 2001;117(8):285-8. Spanish

Kissinger P. Trichomonas vaginalis: a review of epidemiologic, clinical and treatment issues. BMC Infect Dis. 2015;15:307.

Sociedade Portuguesa da Contraceção, Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. Consenso sobre contraceção 2020 [homepage]. Lisboa: SPC; 2020. Available from: https://www.spdc.pt/noticias/11-noticias/210-consenso-sobre-contracecao-2020

Miró MS, Rodríguez E, Vigezzi C, Icely PA, Araújo MG, Riera FO, et al. Candidiasis vulvovaginal: una antigua enfermedad con nuevos desafíos [Vulvovaginal candidiasis: an old disease with new challenges]. Rev Iberoam Micol. 2017;34(2):65-71. Spanish

Romero Herrero D, Andreu Domingo A. Vaginosis bacteriana [Bacterial vaginosis]. Enferm Infecc Microbiol Clin. 2016;34 Suppl 3:14-8. Spanish

Publicado

2024-09-16

Cómo citar

Vaginose citolítica: relato de caso. (2024). Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 40(4), 389-93. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i4.13543