O papel de uma equipa de cuidados de saúde primários no acolhimento de refugiados afegãos
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i4.13559Palabras clave:
Afeganistão, Acesso aos cuidados de saúde, Cuidados de saúde primários, Equipa de saúde, RefugiadosResumen
Introdução: Em 2021, o Afeganistão foi o 2º país no mundo com a maior população refugiada após a crise migratória desencadeada por conflitos bélico-políticos. Diversos países da Europa, incluindo Portugal, acolheram estas pessoas através de programas organizados. A migração é um determinante social para a saúde, geradora de iniquidades e com impacto negativo. A medicina de acolhimento de refugiados apresenta particularidades, requerendo a intervenção de equipas de profissionais de saúde treinados.
Método: Estudo transversal retrospetivo do estado de saúde de um grupo de refugiados afegãos e dos procedimentos da equipa de cuidados de saúde primários de um Agrupamento de Centros de Saúde da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, de novembro/2021 a abril/2022. Descrição dos procedimentos de saúde inerentes ao acolhimento de refugiados. Caracterização sociodemográfica do grupo, do número e tipo de consultas realizadas e quantificação e descrição dos principais problemas ativos.
Resultados: Foram acolhidos 48 indivíduos, com idade média de 19,7±16,5 anos, incluindo 52,1% adultos e 47,9% crianças e adolescentes. Realizaram-se 206 consultas e identificaram-se 121 problemas ativos. Os adultos necessitaram de mais consultas do que as crianças e adolescentes (134 vs 72, respetivamente) (p-value<0,05). As infeções contribuíram para, pelo menos, 47,7% dos problemas ativos em crianças e adolescentes e 29,9% em adultos. Vinte e quatro por cento dos adultos relataram sintomas psicopatológicos e, destes, 66,7% tinham patologia mental. Os refugiados afegãos aderiram aos métodos contracetivos propostos, programas de rastreio e de vacinação.
Conclusão: A migração gera desafios socioculturais e de saúde. Os problemas ativos identificados evidenciam as doenças infeciosas, orais e mentais. Este trabalho enfatiza a necessidade de orientações sobre o acolhimento de pessoas refugiadas e reforça a importância de obter resultados validados e reprodutíveis. A definição de uma equipa multidisciplinar é essencial e prestar assistência a populações refugiadas traz desafios.
Descargas
Referencias
The World Bank. Population ages 15-64 (% of total population): low income [homepage]. The World Bank; 2022. Available from: https://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.1564.TO.ZS?end=2020&locations=XM-AF&start=2009
Irwin A, Scali E. Action on the social determinants of health: learning from previous experiences [Internet]. Geneva. World Health Organization; 2010. Available from: https://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-06/SDH_action_learning_from_previous_experiences.pdf
Egli-Gany D, Aftab W, Hawkes S, Abu-Raddad L, Buse K, Rabbani F, et al. The social and structural determinants of sexual and reproductive health and rights in migrants and refugees: a systematic review of reviews. East Mediterr Health J. 2021;27(12):1203-13.
Frost CJ, Morgan NJ, Allkhenfr H, Dearden S, Ess R, Albalawi WF, et al. Determining physical and mental health conditions present in older adult refugees: a mini-review. Gerontology. 2019;65(3):209-15.
McNeely CA, Morland L. The health of the newest Americans: how US public health systems can support Syrian refugees. Am J Public Health. 2016;106(1):13-5.
Seedat F, Hargreaves S, Nellums LB, Ouyang J, Brown M, Friedland JS. How effective are approaches to migrant screening for infectious diseases in Europe? A systematic review. Lancet Infect Dis. 2018;18(9):e259-71.
Mangrio E, Forss KS. Refugees’ experiences of healthcare in the host country: a scoping review. BMC Health Serv Res. 2017;17(1):814.
Spike EA, Smith MM, Harris MF. Access to primary health care services by community-based asylum seekers. Med J Aust. 2011;195(4):188-91.
Hvass AM, Norredam M, Sodemann M, Wejse C. Is there a need of health assessments for resettling refugees? A cross-sectional study of 1431 refugees who arrived in Denmark between 2014 and 2018. J Migr Health. 2021;3:100044.
Hvass AM, Wejse C. Systematic health screening of refugees after resettlement in recipient countries: a scoping review. Ann Hum Biol. 2017;44(5):475-83.
Kroening AL, Dawson-Hahn E. Health considerations for immigrant and refugee children. Adv Pediatr. 2019;66:87-110.
World Health Organization. Monitoring health and health system performance in the Eastern Mediterranean region: core indicators and indicators on the health-related Sustainable Development Goals 2020 [homepage]. Geneva: WHO; 2021. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/346297
Blackmore R, Boyle JA, Fazel M, Ranasinha S, Gray KM, Fitzgerald G, et al. The prevalence of mental illness in refugees and asylum seekers: a systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2020;17(9):e1003337.
Utsumi Y. Armed conflict, education access, and community resilience: evidence from the Afghanistan NRVA survey 2005 and 2007. Int J Educ Dev. 2022;88:102512.
Acolhimento – Refugiados oriundos do Afeganistão – Área da saúde: documento de trabalho, versão 13.11.2021 [Internet]. Lisboa: Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo; 2021 Nov 13. Available from: https://snspt-my.sharepoint.com/:b:/g/personal/707640_arslvt_min-saude_pt/EdM3e1sT_JtEjsFDAMMrmTYBv9MvNd7274FlomtiyR7NGg?e=zfzSua
Duvall ER. Family development. Philadelphia: Lippincott; 1971.
Direção-Geral da Saúde. Programa nacional de saúde infantil e juvenil: norma nº 010/2013, de 31/05/2013. Lisboa: DGS; 2013.
Direção-Geral da Saúde. Programa nacional de promoção da saúde oral, 2021-2025. Lisboa: DGS; 2021. ISBN 978-972-675-297-4
Direção-Geral da Saúde. Programa nacional para a vigilância da gravidez de baixo risco. Lisboa: DGS; 2015. ISBN 978-972-675-233-2
Direção-Geral da Saúde. Programa nacional para as doenças oncológicas 2017. Lisboa: DGS; 2017.
Direção-Geral da Saúde. Vacinação contra a gripe: época 2021/2022 (norma n.º 006/2021, de 25/09/2021). Lisboa: DGS; 2021.
Direção-Geral da Saúde. Vacinação contra a COVID-19: norma n.º 002/2021, de 30/01/2021, atualizada em 06/09/2022. Lisboa: DGS; 2022.
Chernet A, Utzinger J, Sydow V, Probst-Hensch N, Paris DH, Labhardt ND, et al. Prevalence rates of six selected infectious diseases among African migrants and refugees: a systematic review and meta-analysis. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2018;37(4):605-19.
Saify K, Saadat M. Consanguineous marriages in Afghanistan. J Biosoc Sci. 2012;44(1):73-81.
Ahmadi A, Essar MY, Lin X, Adebisi YA, Lucero-Prisno DE. Polio in Afghanistan: the current situation amid COVID-19. Am J Trop Med Hyg. 2020;103(4):1367-9.
Sadigh KS, Akbar IE, Wadood MZ, Shukla H, Jorba J, Chaudhury S, et al. Progress toward poliomyelitis eradication: Afghanistan, January 2020-November 2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2022;71(3):85-9.
World Health Organization. Afghanistan: infectious disease outbreaks – epidemiological week #9, 2022 (27 February-05 March) situation report #30 [homepage]. WHO; 2022 Mar 22 [cited 2022 Apr 24]. Available from: https://reliefweb.int/report/afghanistan/afghanistan-infectious-disease-outbreaks-epidemiological-week-9-2022-27-february
World Health Organization, Global Polio Eradication Initiative. Polio eradication strategy 2022-2026: delivering on a promise [homepage]. Geneva: WHO; 2021. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/345967
European Centre for Disease Prevention and Control. Tuberculosis surveillance and monitoring in Europe 2022: 2020 data [homepage]. Copenhagen: ECDC; 2022. Available from: https://www.ecdc.europa.eu/en/publications-data/tuberculosis-surveillance-and-monitoring-europe-2022-2020-data
Zhao SY, Jing WZ, Liu J, Liu M. [Prevalence of anemia during pregnancy in China, 2012-2016: a meta-analysis]. Zhonghua Yu Fang Yi Xue Za Zhi. 2018;52(9):951-7. Chinese
Arija V, Ribot B, Aranda N. Prevalence of iron deficiency states and risk of haemoconcentration during pregnancy according to initial iron stores and iron supplementation. Public Health Nutr. 2013;16(8):1371-8.
Areia AL, Nogueira-Silva C, Serrano F, Mairos J, Guimarães M, Clode N. Anemia na gravidez e no puerpério: normas de orientação clínica [Internet]. Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal; 2019. Available from: https://www.spommf.pt/wp-content/uploads/2019/07/Norma-Anemia-na-Gravidez-e-no-Puerpe%CC%81rio.pdf
Vazquez JC. Constipation, haemorrhoids, and heartburn in pregnancy. BMJ Clin Evid. 2010;2010:1411.
Iniciativa Mundial para a Erradicação da Poliomielite. Poliovírus circulantes derivados da vacina (atualização global): uma nova abordagem para controlar o cVDPV2 [Internet]. IMEP; 2020. Available from: https://polioeradication.org/wp-content/uploads/2020/12/20201130_cVDPV2_Global_Update_PT.pdf
Noori T, editor. Assessing the burden of key infectious diseases affecting migrant populations in the EU/EEA [homepage]. Stockholm: European Centre for Disease Prevention and Control; 2014. Available from: https://www.ecdc.europa.eu/en/publications-data/assessing-burden-key-infectious-diseases-affecting-migrant-populations-eueea
Giambi C, Del Manso M, Dalla Zuanna T, Riccardo F, Bella A, Caporali MG, et al. National immunization strategies targeting migrants in six European countries. Vaccine. 2019;37(32):4610-7.
Lebano A, Hamed S, Bradby H, Gil-Salmerón A, Durá-Ferrandis E, Garcés-Ferrer J, et al. Migrants’ and refugees’ health status and healthcare in Europe: a scoping literature review. BMC Public Health. 2020;20(1):1039.
Blitz BK, d’Angelo A, Kofman E, Montagna N. Health challenges in refugee reception: dateline Europe 2016. Int J Environ Res Public Health. 2017;14(12):1484.
Pavli A, Maltezou H. Health problems of newly arrived migrants and refugees in Europe. J Travel Med. 2017;24(4).
Lei n.º 95/2019, de 4 de setembro. Diário da República. I Série;(169).
Simões J, Fronteira I, Augusto GF. The 2019 Health Basic Law in Portugal: political arguments from the left and right. Health Policy. 2021;125(1):1-6.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Los autores otorgan a RPMGF el derecho exclusivo de publicar y distribuir en medios físicos, electrónicos, de radiodifusión u otros medios que pueda existir el contenido del manuscrito identificado en esta declaración. También otorgan a RPMGF el derecho de usar y explorar el presente manuscrito, es decir, de ceder, vender o licenciar su contenido. Esta autorización es permanente y entra en vigor desde el momento en que se envía el manuscrito, tiene la duración máxima permitida por la legislación portuguesa o internacional aplicable y tiene un alcance mundial. Los autores declaran además que esta transferencia se realiza de forma gratuita. Si la RPMGF informa a los autores que ha decidido no publicar su manuscrito, la cesión exclusiva de derechos cesa inmediatamente.
Los autores autorizan a RPMGF (oa una entidad que éste designe) a actuar en su nombre cuando considere que existe una infracción a los derechos de autor.