O tratamento de doentes com alto risco de fratura osteoporótica numa USF: a importância do FRAX®Port
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v41i4.13963Palavras-chave:
Osteoporose, Fraturas osteoporóticas, Risco de fratura, FRAX, Terapêutica antiosteoporóticaResumo
Introdução: A osteoporose é uma doença generalizada do osso cuja prevalência tem vindo a aumentar, sendo superior no sexo feminino e com o aumento da idade. A fratura de fragilidade é a sua principal consequência clínica, levando a um aumento da morbilidade e da mortalidade e a uma diminuição da qualidade de vida do doente, representando uma sobrecarga socioeconómica elevada. O desafio atual é a identificação precoce dos indivíduos com maior risco de fratura, que têm indicação para intervenção terapêutica para prevenir a ocorrência de uma fratura no futuro.
Objetivos: Estudar o início da terapêutica antiosteoporótica nas utentes do sexo feminino que têm alto risco de fratura osteoporótica.
Métodos: Estudo observacional transversal baseado na consulta do processo clínico e realização de entrevistas telefónicas às utentes do sexo feminino com idade igual ou superior a 50 anos, seguidas numa USF (área de Lisboa Ocidental). A dimensão da amostra foi calculada com recurso ao site SurveyMonkey e a população selecionada de forma aleatória. O risco de fratura foi calculado através da ferramenta FRAX®Port. A população foi estratificada de acordo com o risco de fratura, verificando-se nas utentes de alto risco se a terapêutica foi instituída.
Resultados: Obteve-se uma amostra de 250 utentes: 20,8% (n=52) tinham alto risco de fratura, 9,2% (n=23) risco de fratura intermédio e 70% (n=175) tinham baixo risco de fratura, de acordo com cálculo do FRAX. Das utentes identificadas como tendo alto risco de fratura, 28,8% (n=15) estavam tratadas com terapêutica antiosteoporótica.
Conclusão: Verificou-se que apenas 28,8% das utentes com alto risco de fratura estavam tratadas, sendo este um resultado que alerta para a importância da sensibilização dos profissionais de saúde para a avaliação do risco de fratura osteoporótica na consulta de medicina geral e familiar e para a implementação duma mudança na abordagem diagnóstica e terapêutica da osteoporose.
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