Diabetes mellitus não controlada: inércia vs adesão à terapêutica

Autores

  • Maria João Gonçalves USF Garcia de Orta
  • Clara Fonseca Assistente Graduada de Medicina Geral e Familiar na USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental
  • Inês Pintalhão Assistente de Medicina Geral e Familiar da USF Garcia de Orta, ACes Porto Ocidental
  • Rodrigo Costa Interno de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar da USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental
  • Ana Calafate Assistente de Medicina Geral e Familiar da USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental
  • Manuel Henriques Assistente de Medicina Geral e Familiar da USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental

DOI:

https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i1.13494

Palavras-chave:

Diabetes mellitus, Inércia terapêutica, Adesão à terapêutica

Resumo

Introdução: Em Portugal, a taxa de não controlo dos pacientes com diabetes é de cerca de 35%. De entre as causas descritas como barreiras ao alcance dos objetivos no controlo dos doentes diabéticos salientam-se a inércia terapêutica e a má adesão à terapêutica.

Objetivos: Calcular a proporção de utentes com diabetes mellitus (DM) não controlada na USF Garcia de Orta e analisar a distribuição dos valores da hemoglobina glicada (HbA1c). Calcular a proporção de má adesão e de inércia terapêutica nos pacientes não controlados e verificar possíveis fatores associados.

Métodos: Estudo analítico transversal. População: pacientes diabéticos inscritos e vigiados na USF Garcia de Orta (N=988). Foi selecionada uma amostra aleatória simples, calculada para significância estatística de 0,05, taxa de controlo esperada de 40% e precisão de 4% (n=375).

Resultados: A amostra ficou constituída por 367 doentes diabéticos com idade média de 70 anos, dos quais 52% eram homens. A proporção de doentes com DM não controlada foi de 38,1% [IC95% (33,3-43,2%)]. Para avaliar a adesão à terapêutica recorreu-se ao estudo deste último subgrupo (n=140). Verificou-se que 19,7% [IC95% (13,0-26,5%)] dos doentes não controlados têm má adesão à terapêutica e que esta está associada a piores valores de HbA1c. Para o estudo da inércia terapêutica foi analisado o subgrupo de doentes com dois valores consecutivos de HbA1c ³7% (n=114). A estimativa pontual da inércia terapêutica foi 39,5% [IC95% (33,5-43,2%)], valor este que é inferior para valores mais elevados de HbA1c. Para além dos valores de HbA1c não se encontrou associação estatisticamente significativa entre a adesão e a inércia terapêutica e as restantes variáveis estudadas.

Conclusão: A má adesão e a inércia terapêutica constituem um obstáculo ao atingimento de taxas de controlo mais elevadas nos doentes com DM.

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Biografia Autor

Maria João Gonçalves, USF Garcia de Orta

Interna de Formação Especifica de Medicina Geral e Familiar na USF Garcia de Orta, ACeS Porto Ocidental

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Publicado

2023-03-07

Como Citar

Gonçalves, M. J., Fonseca, C., Pintalhão, I., Costa, R., Calafate, A., & Henriques, M. (2023). Diabetes mellitus não controlada: inércia vs adesão à terapêutica. Revista Portuguesa De Medicina Geral E Familiar, 39(1), 22–8. https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i1.13494

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