O papel do médico de família no diagnóstico de pneumonia adquirida na comunidade de apresentação atípica: um relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v40i4.13899Palavras-chave:
Pneumonia, Cuidados de saúde primários, Diagnóstico diferencial, LombalgiaResumo
Introdução: A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é um dos diagnósticos mais frequentes na prática clínica e um motivo frequente de consultas não programadas nos cuidados de saúde primários (CSP) e serviços de urgência. No caso dos doentes com patologia crónica, o índice de suspeição deve ser ainda mais elevado já que a forma de apresentação é muitas vezes diferente da clássica.
Descrição do caso: É descrito o caso de um homem de 39 anos com antecedentes de diabetes e doença cardiovascular, que recorreu ao serviço de urgência por dor lombar e febre, tendo sido diagnosticada cólica renal. Posteriormente dirigiu-se aos CSP com o objetivo de obter requisição para exame imagiológico. No entanto, por manutenção da lombalgia, cansaço, sensação de falta de ar e presença de fervores na base esquerda à auscultação pulmonar foi proposta a hipótese diagnóstica alternativa de pneumonia adquirida na comunidade. Foi instituída antibioterapia com amoxicilina 1000mg de 8 em 8 horas por sete dias, juntamente com azitromicina 500mg 1id durante cinco dias e requisitada radiografia torácica. Na consulta de reavaliação, o doente apresentava-se sem queixas e clinicamente melhorado.
Comentário: Este relato de caso tem como objetivo principal sensibilizar para apresentações menos comuns de pneumonia nos CSP, relembrar o papel indispensável do exame objetivo e reforçar a importância do seguimento pós-hospitalar atento e cuidado nos CSP, que funcionam como uma rede de segurança, permitindo confirmar diagnóstico hospitalar, assegurar a evolução clínica favorável e detetar precocemente eventuais complicações.
Downloads
Referências
World Health Organization. Pneumonia [homepage]. Geneva: WHO; s.d. [cited 2023 Feb 1]. Available from: https://www.who.int/health-topics/pneumonia#tab=tab_1
Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Sociedade Portuguesa de Cardiologia [homepage]. Lisboa: SPP; 2020 [cited 2023 Feb 3]. Available from: https://www.sppneumologia.pt
Centers for Disease Control and Prevention. NAMCS/NHAMCS – Ambulatory Health Care Data Homepage [homepage]. Washington: CDC; 2023 [cited 2023 Feb 3]. Available from: https://www.cdc.gov/nchs/ahcd/index.htm
Quan TP, Fawcett NJ, Wrightson JM, Finney J, Wyllie D, Jeffery K, et al. Increasing burden of community-acquired pneumonia leading to hospitalisation, 1998-2014. Thorax. 2016;71(6):353-42.
Gardete-Correia K, Boavida JM, Raposo JF, Mesquita AC, Fona C, Carvalho R, et al. First diabetes prevalence study in Portugal: PREVADIAB study. Diabet Med. 2010;27(8):879-81.
Pahal P, Rajasurya V, Sharma S. Typical bacterial pneumonia [Internet]. Treasure Island: StatPearls Publishing; 2023 [cited 2023 Feb 3]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534295/
Metlay JP, Schulz R, Li YH, Singer DE, Marrie TJ, Coley CM, et al. Influence of age on symptoms at presentation in patients with community-acquired pneumonia. Arch Intern Med. 1997;157(13):1453-9.
Crain N. Renal colic mimics: differential diagnosis and approach to management. In: emDocs [homepage]; 2018 Nov 8 [cited 2023 Feb 4]. Available from: http://www.emdocs.net/renal-colic-mimics-differential-diagnosis-approach-management/
Minotti B, Treglia G, Pascale M, Ceruti S, Cantini L, Anselmi L, et al. Prevalence of microhematuria in renal colic and urolithiasis: a systematic review and meta-analysis. BMC Urol. 2020;20(1):119.
Pahal P, Rajasurya V, Sharma S. Typical bacterial pneumonia [Internet]. Treasure Island: StatPearls Publishing; 2023 Jul 31 [updated 2024]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534295/
Wootton D, Feldman C. The diagnosis of pneumonia requires a chest radiograph (x-ray)-yes, no or sometimes? Pneumonia (Nathan). 2014;5 Suppl 1:1-7.
Lim WS, Baudouin SV, George RC, Hill AT, Jamieson C, Le Jeune I, et al. BTS guidelines for the management of community acquired pneumonia in adults: update 2009. Thorax. 2009;64 Suppl 3:iii1-55.
Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Recomendações de abordagem diagnóstica e terapêutica da pneumonia da comunidade em adultos imunocompetentes [Portuguese Respiratory Society guidelines for the management of community-acquired pneumonia in immunocompetent adults]. Rev Port Pneumol. 2003;9(5):435-61. Portuguese
Cooke J, Butler C, Hopstaken R, Dryden MS, McNulty C, Hurding S, et al. Narrative review of primary care point-of-care testing (POCT) and antibacterial use in respiratory tract infection (RTI). BMJ Open Respir Res. 2015;2(1):e000086.
Metlay JP, Waterer GW, Long AC, Anzueto A, Brozek J, Crothers K, et al. Diagnosis and treatment of adults with community-acquired pneumonia: an official clinical practice guideline of the American Thoracic Society and Infectious Diseases Society of America. Am J Respir Crit Care Med. 2019;200(7):e45-67.
Hamilton W. The future of diagnosis in general practice. Br J Gen Pract. 2020;70(696):319-20.
Bergman A, Hjelmgren J, Ortqvist A, Wisløff T, Kristiansen IS, Högberg LD, Persson KM, Persson U. Cost-effectiveness analysis of a universal vaccination programme with the 7-valent pneumococcal conjugate vaccine (PCV-7) in Sweden. Scand J Infect Dis. 2008;40(9):721-9.
Savoy M, Hazlett-O’Brien C, Rapacciuolo J. The role of primary care physicians in managing chronic disease. Dela J Public Health. 2017;3(1):86-93.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2024 Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Os autores concedem à RPMGF o direito exclusivo de publicar e distribuir em suporte físico, electrónico, por meio de radiodifusão ou em outros suportes que venham a existir o conteúdo do manuscrito identificado nesta declaração. Concedem ainda à RPMGF o direito a utilizar e explorar o presente manuscrito, nomeadamente para ceder, vender ou licenciar o seu conteúdo. Esta autorização é permanente e vigora a partir do momento em que o manuscrito é submetido, tem a duração máxima permitida pela legislação portuguesa ou internacional aplicável e é de âmbito mundial. Os autores declaram ainda que esta cedência é feita a título gratuito. Caso a RPMGF comunique aos autores que decidiu não publicar o seu manuscrito, a cedência exclusiva de direitos cessa de imediato.
Os autores autorizam a RPMGF (ou uma entidade por esta designada) a actuar em seu nome quando esta considerar que existe violação dos direitos de autor.